Trouxe este livro da biblioteca, sem grande expectativa, quase "à sorte e à morte" e revelou-se uma ótima leitura! A história manteve-me interessada, Trouxe este livro da biblioteca, sem grande expectativa, quase "à sorte e à morte" e revelou-se uma ótima leitura! A história manteve-me interessada, tanto que o li em três dias. Não é um thriller com detetives astutos e cenas de crime sanguinárias, no entanto, parece que isso me agradou. Foi uma boa estreia no policial francês e um bom regresso a este género....more
Adorei Torto Arado e é impossível não comparar este Salvar o Fogo com o seu "irmão" mais velho. Os assuntos acabam por ser os mesmos, a luta pela terrAdorei Torto Arado e é impossível não comparar este Salvar o Fogo com o seu "irmão" mais velho. Os assuntos acabam por ser os mesmos, a luta pela terra, as classes mais pobres e ignorantes e a tragédia familiar. A escrita continua a ser lírica, mas não me enredou tanto como no seu antecessor. Os segredos contidos na obra não me surpreenderam e talvez nem fosse preciso termos pontos de vista de várias personagens. Enfim, não foi memorável.
O título deste livro é simplesmente lindo, mas os poemas não me estavam a fazer sentir nada, apenas um ligeiro enfado. Será devolvido à biblioteca, onO título deste livro é simplesmente lindo, mas os poemas não me estavam a fazer sentir nada, apenas um ligeiro enfado. Será devolvido à biblioteca, onde outros leitores melhor o apreciarão....more
Todos os corpos são bonitos. Aprendamos a desejá-los, com a sua idade, as suas imperfeições e a sua diversidade. Aprendamos a amar as nossas mamas, ouTodos os corpos são bonitos. Aprendamos a desejá-los, com a sua idade, as suas imperfeições e a sua diversidade. Aprendamos a amar as nossas mamas, ou a ausência delas. Aprendamos a amar a nossa vulva. Todas são diferentes e todas são especiais, com pêlos ou sem eles. Olhemos para a nossa. Façamos que ela exista, nós agrade, nós dê poder.
Adorei este livro! Muito necessário e as ilustrações ainda lhe dão um toque extra de beleza!...more
Naquele preciso momento, quando Hachiko fechava os olhos para nunca mais os tornar a abrir, a porta da estação abriu-se lentamente e uma bengalinha coNaquele preciso momento, quando Hachiko fechava os olhos para nunca mais os tornar a abrir, a porta da estação abriu-se lentamente e uma bengalinha com a ponta prateada começou a fazer clique, clique, em cima do pavimento. - Ainda estás aqui, Hachiko? - sorriu-lhe o recém-chegado. - Eu já calculava. Bom rapaz. Lamento que tenhas tido hoje de esperar um pouco mais, mas perdi o comboio. Hachiko abriu os olhos e nem queria acreditar no que estava à sua frente. Tinha esperado dez anos para se reencontrar com ele. Mas finalmente estava ali, na estação. O professor Eisaburo Ueno, como Hachiko já sabia, não se tinha esquecido dele. E ali estava ele, acabava de sair daquele comboio por que esperava há dez anos. O Hachiko tentou queixar-se, mas não ousou dizer nada quando sentiu uma mão familiar a acariciar-lhe o pêlo. - Vá, vamos - murmurou o professor Ueno. - Hoje, sim, poderás acompanhar-me e entrar no comboio. Prometi-te que um dia entrarias, lembras-te? E as promessas solenes são para cumprir."
Vou ali continuar a limpar um cisco dos olhos. ...more
"A casa, as chaves, a garagem, a minha mãe, o meu irmão, o Japão, Tadao Baba, a semana de férias, Hélene, os meus autógrafos. Já começa a ser uma conf"A casa, as chaves, a garagem, a minha mãe, o meu irmão, o Japão, Tadao Baba, a semana de férias, Hélene, os meus autógrafos. Já começa a ser uma confusão danada."
Este livro é um conjunto de "e se...?". Uma forma que, penso eu, a autora encontrou de relembrar o seu amado marido, exorcizar e fazer as pazes com os eventos que levaram à morte de Claude.
Perante uma tragédia inesperada, será inevitável não nos interrogarmos e se tivesse feito assim em vez de ter feito assado? Talvez não acontecesse tal coisa. É uma forma de nos penalizar e de aumentar o sofrimento. E, sabemos, não adianta nada, pois se não estivéssemos vivos, estávamos mortos. E o resultado não pode ser alterado.
Deixaremos de pensar "e se..."? Não, mas podemos fazer as pazes com os acontecimentos....more
"Célia era a única pessoa que parecia agir normalmente na nossa presença. No entanto, por algum motivo, a cordialidade dessa mulher solitária parecia "Célia era a única pessoa que parecia agir normalmente na nossa presença. No entanto, por algum motivo, a cordialidade dessa mulher solitária parecia evidenciar ainda mais o quanto minha mãe e eu éramos duas pessoas quebradas."
Eu sei que o passado, ainda para mais um passado de abusos, pode limitar o futuro de alguém e nem toda a gente tem força suficiente para tentar quebrar o ciclo de maldade, mas isso não me impede de me irritar com esta Ana e de querer entrar no livro e dar-lhe duas no focinho.
Se gostam de almas perturbadas, este livro é para vós. Se, como eu, se irritam com pessoas más e cruéis, não leiam este livro....more
Nunca pensei que um livro sobre "a febre das almas sensíveis", vulgo tísica, pudesse ser tão absorvente. Comecei a lê-lo ontem à noitinha e está termiNunca pensei que um livro sobre "a febre das almas sensíveis", vulgo tísica, pudesse ser tão absorvente. Comecei a lê-lo ontem à noitinha e está terminado. Gostei muito de seguir este romance, talvez também ensaio, sobre a tuberculose. Uma doença que levou, entre outros escritores da época, o meu amado Julinho....more
Numa certa entrevista, um dia minha Mãe respondeu à pergunta sobre a possibilidade de escrever uma autobiografia:
Os outros interessam-me muito mais doNuma certa entrevista, um dia minha Mãe respondeu à pergunta sobre a possibilidade de escrever uma autobiografia:
Os outros interessam-me muito mais do que eu própria ... embora considere que, um dia em que morra, vou dar muito trabalho a muita gente ... o que era Agustina, as contradições de Agustina ... o que acho bem! Não deixarei muitos rastos pessoais. Em relação ao mundo, em relação à uma sociedade inteira, e, nesse aspecto, eu acho que serei uma figura para ser biografada um dia.
E aqui acabam as minhas memórias do tempo em que convivi com meus Pais, que poderiam ser mais extensas se eu procurasse mais fundo. Mas deixariam de ser memórias, seriam antes escavações, com um valor de registo sempre sujeito a imprevisíveis movimentações subterrâneas.
Um livro muito interessante, em que vemos Agustina pelos olhos e recordações de sua única filha, Mónica Baldaque.
Agustina é aquela autora cuja personalidade, vida e modo de pensar me desperta mais curiosidade do que as suas obras. Um caso interessante, já que, pelo menos eu, pouco me importo com a vida dos autores. Depois de ler a biografia escrita por Isabel Rio Novo e as memórias de Mónica Baldaque, gostaria de visitar os sítios por onde Agustina passou/viveu. Só tive essa vontade com o meu Julinho, e este claramente ultrapassa Agustina, pois admiro a sua vida e obra....more
Qual a história deste livro? Não sei se percebi. Haverá história sequer?
Algumas considerações:
Demorei dois meses a encerrar esta leitura; Requi[image]
Qual a história deste livro? Não sei se percebi. Haverá história sequer?
Algumas considerações:
Demorei dois meses a encerrar esta leitura; Requisitado na biblioteca a 13 de Maio, mas registado aqui a 17 de junho, o tempo de ganhar coragem; Não foi abençoado por nossa senhora de Fátima, de certeza; Pelas últimas 50 páginas só passei os olhos; Os nomes das personagens femininas de Agustina são espetaculares: Lourença, Celsa Adelaide, Alfreda, Abril; Faltam-me estudos em teologia para perceber esta história e a catequese que frequentei foi, claramente, insuficiente; Este livro empancou as minhas leituras e não no bom sentido; A forma como a história anda às voltas é impressionante; A forma como Agustina escrevia, jorrando de uma assentada para o papel e com pouca ou nenhuma revisão, é fantástica; O ponto anterior explica o ponto ante anterior; O tom de crítica à sociedade é muito presente e deixa a autora a uma unha negra de parecer uma snob; Sei que não era, porque li a biografia escrita por Isabel Rio Novo; O ponto anterior foi o culpado de me dar na tola querer ler livros da Agustina; Dar-me para as dorgas teria sido pior, mas talvez tivesse tornado a leitura melhor; Em alguns dias foi melhor que melatonina; Há sempre uma silver lining, acompanhada de uma opinião sem sentido nenhum.
Terminar isto e poder, finalmente, devolver o livro à biblioteca, depois de hoje ter pedido mais uma prorrogação do prazo, a nem sei que número, é uma sensação de alívio enorme. Claramente ninguém está na lista de espera para o requisitar.
PS: ler o prefácio de António Couto teria ajudado? Nunca saberei!...more
Ontem, fui à biblioteca municipal devolver um livro. Andava à procura de um título na secção geral, mas não o encontrava. Depois, vi no catálogo onlinOntem, fui à biblioteca municipal devolver um livro. Andava à procura de um título na secção geral, mas não o encontrava. Depois, vi no catálogo online que estaria classificado como infanto-juvenil. Fui ao piso superior e pedi ajuda à senhora muito simpática que lá estava. O livro não aparecia, apesar de estar como disponível no catálogo. Teria sido roubado? Enquanto a senhora procurava melhor, pedi-lhe este Jerónimo e Josefa.
Fui lendo a pequena história, parte do discurso proferido por José Saramago quando recebeu o Nobel, uma homenagem aos seus avós maternos. É bonito, sim, mas não posso dizer que seja uma obra prima. Tem, com certeza, um valor imensurável para o neto daqueles avós. Acredito que quem teve uma relação próxima com os avós, não foi o meu caso, apreciará muito mais este pequeno livro e até lhe trará muitas e boas recordações.
Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.
Este pena de ir-se da vida, a melhor descrição para o que sinto quando penso na morte.
Entretanto, a senhora encontrou o livro, e ainda me deu uma dica para conseguir trazer mais do que os três livros que a biblioteca deixa requisitar de cada vez....more
Viemos antes de acabar o nosso tempo, trouxe-nos a nossa própria vontade, mas o que percebia dentro de si parecia-se muito mais com uma indecisão, comViemos antes de acabar o nosso tempo, trouxe-nos a nossa própria vontade, mas o que percebia dentro de si parecia-se muito mais com uma indecisão, com uma dúvida, como se, crendo ter chegado ao fim de tudo, a sua busca ainda não tivesse terminado, como se ter aqui vindo não representasse senão um ponto de passagem, sem mais importância que a casa da senhora idosa do rés-do-chão direito, ou o colégio, ou a farmácia aonde tinha ido fazer perguntas, ou o arquivo em que, lá na Conservatória, se guardavam os papéis dos mortos.
Foi interessante acompanhar a busca do Sr. José que, graças a um autocarro, envidou uma missão detectivesca de alto calibre.
"A História de Portugal tem que acolher com orgulho a memória dos combatentes pela Liberdade. E, porque é da maior justiça histórica a preservação des"A História de Portugal tem que acolher com orgulho a memória dos combatentes pela Liberdade. E, porque é da maior justiça histórica a preservação dessa memória, entendo que falta em Lisboa um memorial, no coração da cidade, perto do local onde, durante décadas, esteve instalado o centro da ação repressiva do regime fascista. A memória da Resistência não cabe em memoriais, é verdade. Porém, não duvido que esta seria uma forma de evocar os tão esquecidos combatentes pela Democracia, pela Liberdade e contra a Ditadura fascista. São centenas de milhares e merecem que honremos a sua memória. Estou certa de que os jovens desta geração e ds gerações vindouras compreenderiam o significado de um tal memorial e talvez se sentissem interpelados por essa memória. O período histórico do fascismo, em que muitos de nós vivemos durante grande parte das nossas vidas, dificilmente se descrevem aos que agora vivem em Democracia. Mas talvez memoriais como esses lhes lembrem que a Democracia plena não lhes será oferecida sem esforço e sem persistentes combates. Acredito nisso."
"As memórias de Helena Pato lêem-se de uma assentada. (...) Ora as estórias que Helena Pato vai contando, valem, primeiro, pela valência pessoal de sabor autobiográfico, de grande despojamento, sobriedade e elegância, mesmo se tal não é o principal propósito, e, depois por serem o retrato de uma época de "resistência contra a ditadura", esse regime autoritário, marcado pelo medo e opressão como bem sublinha Helena Pato, que vigorou em Portugal até 1974. E aqui, reencontramos o intuito pedagógico deste "registo de memória", apostado em transmitir às gerações mais jovens, que já nasceram e viveram na democracia e na liberdade, o que foi o regime anterior ao 25 de Abril."
Jorge Sampaio, no posfácio da obra
" Luta após luta, após luta, coragem após coragem, após coragem, sem que Helena Pato algumas vez se auto-elogie ou de alguma maneira se enalteça; sempre inteligente e frontal, por vezes utilizando mesmo um discurso que pode aqui e ali perpassar pela auto-ironia, assim como por um espontâneo e genuíno entusiasmo."
Maria Teresa Horta, no prefácio da obra
Esta obra é imprescindível para que nós, que sempre vivemos em Liberdade, em 50 anos de liberdade, saibamos como ela chegou até aqui....more
Com os 50 anos da revolução de abril é quase obrigatório ler algo sobre o tema. Este Utopia fala desse período, mas não se fica por aí. Vai até novembCom os 50 anos da revolução de abril é quase obrigatório ler algo sobre o tema. Este Utopia fala desse período, mas não se fica por aí. Vai até novembro de 1975 e à tentativa de novo golpe. Claro que não o faz de uma forma muito aprofundada, mas, para quem não era nascido na altura, traz informações sobre esse período da nossa periclitante democracia. Gostei muito!...more
"De noite, passeio sozinho pelas ruas sem vivalma ao redor do hotel. O sino da igreja marca a hora certa. Tenho comigo todos os meus mortos, todos os "De noite, passeio sozinho pelas ruas sem vivalma ao redor do hotel. O sino da igreja marca a hora certa. Tenho comigo todos os meus mortos, todos os meus vivos, e sei agora porque, ao longo de todos estes anos, nunca arrisquei perguntar: e se a minha mãe fosse viva? É que, de todos os eventos biográficos da família, nenhum foi tão decisivo e irrevogável. A ausência da minha mãe é aquilo que sou. Se ela não tivesse morrido, talvez nem sequer escrevesse. Teria outra identidade, outra história. Imaginá-la viva seria portanto, uma forma de aniquilação."...more
Maravilhosa esta biografia. Fez-me querer ler mais obras da Agustina e passar nos sítios onde viveu/escreveu!
A forma como a escritora é retratada é siMaravilhosa esta biografia. Fez-me querer ler mais obras da Agustina e passar nos sítios onde viveu/escreveu!
A forma como a escritora é retratada é simplesmente fantástica. Nota-se a admiração da biógrafa pela sua biografada. Não faz de Agustina um anjo, nem um ser superior e especial, pelo contrário, mostra-nos uma Agustina inteligente, bem humorada, conhecedora da vida, do mundo e das relações humanas. Talvez até um pouco fria, distante, pois o que queria fazer era escrever e escrever, e foi isso que fez, sempre com o apoio do marido.
Agustina é o nome de uma pessoa extraordinária. Essa pessoa foi amada, estimada, odiada. Deixa filha, netos, bisnetos, amigos. Agustina é também o nome de uma obra extraordinária, "um mundo infindável", "uma galáxia", "um universo"....more
Dos três livros que trouxe da biblioteca municipal, este foi aquele que me apeteceu ler de imediato, e foi muito bom! A leitura passa num instante e aDos três livros que trouxe da biblioteca municipal, este foi aquele que me apeteceu ler de imediato, e foi muito bom! A leitura passa num instante e as páginas viram-se quase sem darmos por isso. Há toda uma atmosfera de desgraça no ar, que nos vai sendo contada em pequenos capítulos, até ao desfecho final. Gostei muito!...more
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