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As Pessoas Invisíveis

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Em 1980, é encontrado em Berlim um caderno que relata a descoberta, em terras portuguesas, de uma jazida de ouro, segredo que levará o leitor aos anos da Segunda Guerra Mundial, à exploração de volfrâmio e à improvável amizade de um engenheiro alemão com o jovem Xavier Sarmiento, que descobre ter o dom de curar e se fascina com a ideia de poder. É a sua história, de curandeiro e mágico a temido chefe das milícias, que acompanharemos ao longo do romance, assistindo às suas curas e milagres, bem como aos amores clandestinos e à fuga intempestiva para África.

Percorrendo episódios da vida portuguesa ao longo de cinco décadas - das movimentações na raia transmontana durante a Guerra Civil de Espanha à morte de Francisco Sá Carneiro -, As Pessoas Invisíveis é também a revisitação de um dos eventos mais trágicos e menos conhecidos da nossa História colonial: o massacre de um grande número de nativos forros, mostrando como o fim legal da escravatura precedeu, em muitas dezenas de anos, a sua efectiva abolição.

328 pages, Paperback

Published April 1, 2022

About the author

José Carlos Barros

14 books14 followers

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Community Reviews

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1 star
5 (3%)
Displaying 1 - 29 of 29 reviews
Profile Image for Cláudia Azevedo.
335 reviews162 followers
July 27, 2022
Não sei muito bem como reagir a este livro. Gostei bastante das primeiras dezenas de páginas. Senti a transição da ação para África como um anticlímax, quer pela mudança radical na essência da personagem principal, quer pelo desvio do fio condutor.
Aconteceu o mesmo com o regresso a Portugal, e não apenas pelo salto no espaço e no tempo. Penso que li três livros num. Mas também pode ter sido essa a intenção do autor. Não sei. Talvez tivesse de o entrevistar para o saber. Gostaria de lhe perguntar sobre o Xavier e sobre outras personagens. Queria o autor que elas se tornassem invisíveis a nossos olhos? Confesso alguma inquietação perante uma possível mensagem que eu não terei sabido ou conseguido apreender de todo.
Quanto à escrita, é bela e profunda, apelando à reflexão sobre a individualidade, sobre os bastidores das guerras, sobre a invisibilidade de que tantas pessoas se revestem perante o seu semelhante.
"Porque o resto do mundo continua a rodar sem sobressalto quando um drama pessoal chega a dar-nos a sensação de que tudo se desmorona e de que o ruído desse desmoronamento será insuportável. Não é assim. Vivemos sempre sozinhos."
O autor premiado pela Leya sublinha esse confronto entre o indivíduo, com a sua cruz, e o resto do mundo.
"É sempre sozinhos que nos confrontamos com o nosso próprio destino e o seu novelo espesso. É sempre sozinhos que caminhamos no meio da multidão."
Por outro lado, lembra que essa solidão é algo, afinal, partilhado ou sentido por outros com porventura ainda maior intensidade, como no caso dos que sofrem injustiças, abusos e agressões.
"E de repente deixou de sentir medo, mas apenas vergonha de tantas vezes nos escondermos ou afastarmos quando são os outros que se sentem sozinhos no mundo."
Belíssimo é também o excerto em que se liga a memória à infância.
"E só então se apercebeu de que a memória lhe devolvia apenas os ruídos da infância. Como se o passado fosse essencialmente a infância. (...) E pensou que talvez os ruídos fizessem parte de uma identidade, como se acabássemos por ser ao longo da vida aquilo que se inscreveram em nós a partir dos primeiro anos."
Em consciência, para o bem e para o mal, dou-lhe 3 estrelas.
Profile Image for Jose Garrido.
Author 1 book11 followers
June 7, 2024
Foi o meu primeiro livro do autor.
Faz parte da tarefa a que me decidi dedicar de perceber o que sensibiliza os júris dos prémios literários em Portugal.
Fui de surpresa em surpresa... a sinopse, na contracapa fez-me esperar qualquer outra coisa que não era...depois entrei na estória, que é uma estória 'por estações', vai saltitando no espaço e no tempo de uma forma que achei surpreendente.
Em dada altura, passei uma página, e tinha terminado... assim.
Concluindo, está muito bem escrito. Recordou-me um pouco o realismo mágico sul-americano de algumas décadas atrás como vem sendo revisitado pela literatura africana de expressão portuguesa.
As Pessoas Invisíveis, de algum modo, recordou-me o Caminho de Santiago a que me dedico prazerosamente todos os anos. A estação de chegada acaba sendo redundante, o que conta é o caminho...
Profile Image for Vera Sopa.
596 reviews50 followers
May 17, 2022
Xavier Sarmiento. Cativa. E cura. Mas não cura gente que não tinha ninguém a seu lado, que deixara de existir por ninguém se aperceber dos seus gestos, que se sentia invisível aos olhos dos outros. Cura os males do espírito que afectam o corpo dos que são visíveis. Um protagonista inserido num tempo e num lugar que a memória alcança, numa narrativa de capítulos curtos que parece extraída da oralidade.

Em África, Xavier percebe que nenhum homem ou mulher tem um rosto, que todos são iguais e de que só é possível olhá-los quando estão em grupo. A ideia de poder provoca temor e respeito. E para controlar uma revolta de nativos que se recusavam a trabalhar nas roças e nas obras públicas responderam com excesso de zelo.

É sempre sozinhos que caminhamos no meio da multidão. E quão libertador pode ser tirar a máscara que usamos sempre, seja uma farda ou de rotinas.

A invisibilidade que separa das coisas concretas e dos olhares das pessoas. Muitas pessoas afastadas do mundo e nenhuma delas sabe das outras. Até que um segredo guardado num caderno de um engenheiro alemão é revelado.

Prodigioso. Uma revelação. Adorei.
Profile Image for Ana Rute Primo.
261 reviews38 followers
June 14, 2022
❤️ Artigo publicado em https://www.boasleituras.pt/

Sinto que não tive maturidade suficiente para compreender este livro em todas as suas dimensões. Não consegui estabelecer paralelo entre as várias fases da narrativa.

Numa primeira fase, acompanhamos a vida de Xavier que tem o dom de curar corpo e alma, as suas venturas e desventuras, em pleno período da Segunda Guerra Mundial. Foi a parte que mais gostei de ler.

Na fase seguinte, a narrativa larga o mote inicial e torna-se numa trama política, de conspiração, na África colonial, no início da década de 1950. Xavier ganha outro tipo de protagonismo, completamente diferente.

Por último, deixamos a personagem principal, e seguimos a narrativa num dia marcante de 1980.

Confesso que, no meu entendimento, a evolução das personagens não me fez sentido. Não é clara a passagem de umas fases para outras, mal lhes consigo achar relação entre si.

Parece-me que toda a história me passou ao lado. E aquele final? Não entendi…

Boas Leituras ❤️
90 reviews442 followers
July 6, 2022
A escrita deste livro é linda. Dá vontade de sublinhar pelo menos uma frase por página.
A história no entanto começa por ser interessante, passa por um período muito inspirado pelo " Equador" e depois fica demasiado confusa. Tão confusa que não se entende o final.
É mesmo assim um livro que vale a pena ler pela sua escrita tão poética.
Profile Image for Sofia.
916 reviews126 followers
November 30, 2022
Gostei muito do estilo de escrita do autor, de quem conhecia apenas poesia.
As personagens também são cativantes e os capítulos curtos tornam o ritmo narrativo acelerado.
O que menos gostei deste Prémio Leya é que parecem 3 histórias mal coladas entre si. Temos uma primeira parte que estava a ir bem, para depois a narrativa dar um salto para África e nos depararmos com uma alteração no arco da personagem que não faz grande sentido. E, atenção, eu sou o tipo de leitora que adora bons maus e maus bons.
A segunda parte em África não me conseguiu prender da mesma forma, e creio que foi por não me conseguir libertar do sentimento de estanheza da primeira parte do livro para esta. Num terceiro momento, o enredo regressa a Portugal e, mais uma vez, senti-me perdida sem entender o fio condutor.
Mas, como se costuma dizer: não és tu, sou eu. Ou seja, se calhar o problema não está no livro, mas em mim.

"E o que descobria por detrás dos seus olhares, mais do que a disponibilidade para participar de un crime, era, essencialmente, a tristeza e o tédio de quem desistira, de quem não procura um nome ou um lugar, de quem não tem objectivos. Havia de tudo, claro. E, no entanto, uns e outros, facínoras, desistentes, agiam por igual quando se tratava de pontapear ou vergastar. A equivalerem-se. Como se, a partir de um indeterminado momento, todas as pessoas do mundo pudessem ser iguais em desumanidade."
406 reviews12 followers
April 22, 2022
Mais uma desilusão com um livro galardoado com o Prémio Leya. Admito que tenha sido por incapacidade da minha parte, mas não entendi a metáfora da invisibilidade de certas pessoas (uma das âncoras da história) e tão pouco do significado do dom de Xavier. Aliás, também não alcancei a importância e o sentido da ligação da história transmontana com a da ilha colonizada (acho mesmo que estamos perante o esboço de duas histórias muito diferentes…). O que não posso deixar de realçar também - e em sentido oposto - é a qualidade indiscutível da escrita de José Carlos Barros o que, para mim, é insuficiente para poder escrever que gostei do romance. NÃO gostei! Entretanto, a minha curiosidade não deixa de se interrogar sobre se o escritor é apreciado no Partido em que julgo estar inscrito, o PSD. Cá por coisas…
736 reviews
April 28, 2022
É um romance complexo, com várias camadas. Acompanhamos o protagonista nas suas metamorfoses, desde curandeiro a facínora, durante o século XX português. Essa metamorfose acontece ao longo do tempo e do espaço, de acordo com o contexto histórico e a geografia. Como pano de fundo, interpelador, estão as «pessoas invisíveis», aquelas que fogem às grandes narrativas, cujos direitos são só nominais, como os indígenas africanos ou como os habitantes do interior português.

Estou expectante em relações a próximos livros de José Carlos Barros.
Profile Image for Patricia Posse.
194 reviews2 followers
June 16, 2022
Escrita fluída e desempoirada, mas o enredo não corresponde. Há hiatos temporais que o enredo, por si só, não permite uma compreensão fluída.
Profile Image for Daniela.
261 reviews
September 2, 2022
4.5/5**

[PT:]
As Pessoas Invisíveis é uma história surpreendente, onde as se cruzam marcas de foro lusitano, castelhano e africano. Tradições, superstições, mentalidades e atitudes encontram-se ligadas por referências históricas mais ou menos conhecidas, proporcionando ao leitor uma viagem no tempo e no espaço, da Segunda Guerra Mundial aos anos 1980, e da planície alentejana até Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Os únicos aspetos em que poderia melhorar relacionam-se com uma certa falta de conexão entre as diferentes partes que constituem a história. A passagem para as colónias do ultramar foi um pouco abrupta, principalmente ao nível do desenvolvimento de Xavier. Apesar disto, a ideia que fica é de que o poder tem potencial para corromper qualquer um. A linguagem usada em dados pontos perde um pouco da ironia que a caracteriza em geral, para se tornar num emaranhado confuso em que se perde o fio condutor.

A noção de pessoas invisíveis que dá título a esta obra é inteligente. Inicialmente, e tendo em conta a sinopse, julguei referir-se direta e exclusivamente às vítimas da colonização portuguesa em África. Porém, a invisibilidade de praticamente todos os principais personagens – juntando ao facto de não existir um protagonista no sentido literário do termo – torna possível uma transição sublime para os momentos finais, os quais ficam cravados na memória como o História de Portugal deveria ficar cravada no espírito crítico dos portugueses e dos seus conterrâneos europeus e americanos.
São justamente trabalhos como este que deveriam ser preconizados na literatura contemporânea portuguesa: obras que exploram o que está escondido na História sem medos, sem descurar a riqueza da cultura dos povos e dos personagens envolvidos.

[EN:]
The Invisible People is an amazing story, where the trademarks of Lusitanian, Castilian and African essences intersect. Traditions, superstitions, mentalities, and attitudes are linked by more or less known historical references, providing the reader with a journey in time and space, from World War II to the 1980s, and from the Alentejan lowland to Angola, Cabo Verde, Mozambique, and São Tomé and Príncipe.

The only aspect it could improve is a lack of connection between the different parts that make up the story. The transition to the overseas colonies was somewhat abrupt, especially at the level of Xavier's development. Despite this, the idea remains that power has the potential to corrupt anyone. The language used at given points loses some of the ironies that characterize it in general, only to become a confused tangle in which one may lose the thread.

The notion of invisible people who give the title to this work is intelligent. Initially, and in view of the synopsis, I thought it was referring directly and exclusively to the victims of Portuguese colonization in Africa. But the invisibility of virtually all the main characters – adding to the fact that there is no protagonist in the literary sense of the term – makes possible a sublime transition to the final moments, which are embedded in the memory as the History of Portugal should be embedded in the critical spirit of the Portuguese and their European and American counterparts.

Works like this should be encouraged in contemporary Portuguese literature: stories that explore what is hidden in history without fears, without neglecting the richness of the culture of the peoples and characters involved.
Profile Image for Cristina Delgado.
255 reviews63 followers
June 1, 2022
A nota do autor, logo no início das primeiras páginas, faz referência a um massacre em S. Tomé e Príncipe, em Fevereiro de 1953, do qual nunca tinha ouvido falar. Se calhar nem vocês... O massacre de Batepá. Pela conversa boa a que tive o privilégio de assistir num grupo de leitura da Leya, o autor estava também entre aqueles que não tinham conhecimento de tal barbárie.

Se quiserem saber um pouco mais pesquisem aqui - Wikipedia - Massacre de Batepá. Os mortos, estimados entre 200 a 1000 pessoas, foram sujeitos a torturas elétricas e afogamentos cometidos pelas tropas coloniais portuguesas. Na tentativa de reprimir o povo africano de uma suposta conspiração contra os portugueses, o Governador Geral de então desencadeou uma repressão que teve lugar nesse massacre. Na base e como principal motivo, estava o desejo de angariar mão de obra barata por parte do Governador e latifundiários. Este massacre pode ter sido o ponto de partida desta história mas não pretendeu relatá-lo amiúde.

A escrita do autor é deliciosa. Apetece ler em voz alta para a podermos saborear melhor. Os sons e os cheiros da trama, os trejeitos da linguagem, a originalidade.

Dois espaços temporais diferentes habitam neste romance. Um, numa aldeia portuguesa, outro, em S. Tomé. Xavier Sarmiento pertence aos dois. Com um comportamento antagónico, Xavier parece possuir em si duas personalidades diferentes que se apoderam dele consoante os diferentes espaços. O bom e o mau. Em ambos, um sentimento de pertença mesclado de incerteza. Em Portugal ele cura, em África, mata.

O final deste livro é polémico para quem já o leu. Confesso que queria mais. Mas, nao dou de todo o tempo perdido, antes pelo contrário! Já há muito que não lia nada assim tão espantosamente bem escrito. Com uma cadência única. Prémio Leya bem atribuído.
Profile Image for Margarida Belo.
91 reviews8 followers
May 15, 2022
A estrutura narrativa deste livro não me convenceu: passámos metade do livro com Xavier Sarmiento e o seu dom, que depois se tornou uma personagem quase secundária. (A narração dos acontecimentos na ilha da província na perspetiva dele teria sido tão mais interessante)

José Carlos Barros escreve com desenvoltura e com um vocabulário rico, mas não me pareceu suficiente para compensar a falta de encadeamento da história - e escrever um livro é isso mesmo, não é? Contar uma história.

*
“Não podemos despedir-nos senão do que intensamente um dia nós pertenceu. Mas o que um dia intensamente nos pertenceu continuará a pertencer-nos para sempre” (Pág. 113)

“Pode ser isto a ausência: um copo cair no chão da cozinha e estilhaçar-se e não se ouvir o mais leve ruído que interrompa o silêncio definitivo da noite” (Pág. 290)

#clubedeleitura
Profile Image for Pedro Silveira.
112 reviews2 followers
August 16, 2022
É uma obra de excelência técnica suportada pela riqueza dum vocabulário endémico e uma estrutura literária de cariz poético.
Contudo a escolha por este estilo para uma narrativa resulta num ritmo disforme e gorgolejante, onde o leitor em vez de ser transportado numa viagem é um invisível observador da viagem do autor.
Muito bem escrito, mas quando se expectava uma obra de ficção histórica só podia resultar numa ligeira desilusão.
Profile Image for Mariana.
81 reviews5 followers
January 26, 2023
Tive o privilégio de assistir a uma apresentação do livro com o autor, onde foram abordados temas muitíssimo interessantes, como a inspiração por detrás do massacre descrito no livro — e a sensação de "traição" que sentimos à medida que aprendemos mais sobre a brutalidade colonial, que amiúde ainda nos é ocultada e não ensinada na sua totalidade nas escolas —, a exploração descontrolada de recursos minerais/petrolíferos em detrimento do bem-estar das populações locais (à qual a parte final do livro faz um breve aceno), a invisibilidade e o anonimato das pessoas escravizadas e a desumanidade no trabalho forçado a contrato, imposto aos indígenas após a abolição legal da escravatura em Portugal. Sabendo o contexto e a opinião do autor de antemão, a leitura desta obra tornou-se ainda mais fácil e mais interessante.

"As pessoas invisíveis" é uma obra muito complexa e muito completa, que segue a vida do protagonista (e do seu filho) ao longo de várias décadas do século passado — sensivelmente entre os anos 1940 e 1980 — em Portugal e em África. Mas é também muito mais do que isso. É uma obra que nos convida a refletir sobre imensas questões, não apenas históricas mas também pessoais. Que, através de um registo sarcástico e humorístico, expõe as falhas de um regime imperialista decadente e a desumanidade dos sedentos de poder (isto nunca é afirmado explicitamente, mas está de tal forma bem escrito e apresentado num tom de escárnio que dificilmente o leitor não chegará ele próprio a estas conclusões). Que nos faz refletir sobre a solidão e a sensação de invisibilidade. A invisibilidade dos indígenas nas colónias. A invisibilidade das pessoas nas aldeias, esquecidas pelo governo e longe das grandes decisões. A invisibilidade de sermos ignorados. A invisibilidade de sermos humanos. Surge aqui um tópico chave ao longo da obra: o paralelismo entre a História e a vivência pessoal. Esta questão toca noutro aspeto que também me prendeu muito, que foi o estilo de escrita do autor. Acima de tudo, assombrosamente poético; por vezes, deliciosamente humorístico. O ritmo da história e o facto de os capítulos serem curtos foi outro aspeto positivo: apesar de retratar tópicos pesados, não foi de todo um livro maçador. Aliás, há muito que não devorava um livro tão depressa como devorei este. Estava de tal modo embrenhada na história que fiquei surpreendida ao constatar que já não havia mais capítulos quando cheguei ao fim. Foi um final em aberto após uma reviravolta, e resta-nos imaginar o que poderá ter acontecido a Manuel Joaquim e à população de Vilarinho.
Profile Image for Susana Margarida Jorge .
240 reviews13 followers
July 20, 2023
Xavier Sarmento percebe com o tempo que tem o poder de curar, de mover coisas e de se tornar invisível aos olhos dos outros. Ao longo da história vamos conhecendo os seus amores, mudanças drásticas na sua vida, algumas conhecidas por ele próprio e outras nem tanto.
Esperava um livro totalmente diferente, mais uma perspetiva histórica um pouco romanceada e, assim, este livro soube-me a pouco.
Adorei a escrita de José Carlos Barros, mas senti a história em si um pouco estranha. Inicia-se de forma interessante, mas ao longo do seu decorrer torna-se confusa. A sua mudança para África é acompanhada por uma mudança da própria personagem Xavier, de tal forma drástica que parece estarmos a ler sobre uma nova personagem. A história parece decididamente separada em três.
Contudo, aconselho a sua leitura pela escrita em si. Tenho tido excelentes experiências literárias com finalistas e vencedores do Prémio LeYa e foi esse o motivo pelo qual escolhi este livro na Biblioteca. Contudo, este não foi o caso. Pensei que fosse por falta de atenção na leitura, que me tivesse escapado alguma situação, mas depois fui ver opiniões no GoodReads e, por esse motivo ou por outro qualquer as opiniões são generalizadas. Fico a sentir-me menos sozinha.
Profile Image for lucas.
14 reviews
May 30, 2024
Não consegui terminar este livro.
Perdoem-me os elitistas da leitura, mas eu sinto que já só me estava a arrastar nesta leitura por curiosidade e não por gosto.
As primeiras páginas interessaram-me, mas depois da partida do general alemão tudo fica mais estranho. Parece que nenhum elemento tem coesão com os outros elementos da história. O facto de Xavier passar de curandeiro pra chefe militar não me parece uma transição adequada. Só pela sinopse ser confusa devia ter entendido que o livro também o seriam. Além disso, não percebi a metáfora principal das "pessoas invisíveis", que me pareceu ser central ao ideário do livro. Não compreendo. A escrita é muito bonita, mas isso não compensa uma amálgama de coisas sem nexo e um ritmo demasiadamente acelarado.
Profile Image for Andrea Neves António.
227 reviews1 follower
October 17, 2022
Passado durante a Segunda Guerra Mundial, em locais tão diversos como o meio rural do Norte de Portugal, a ilha de Península (África), Lisboa... A história a todos liga. As pessoas invisíveis, seja um indivíduo ou um grupo, destacam-se pelo seu papel e pela forma como passam pelo espaço e tempo, integradas no todo e, por vezes, tão desenquadradas.
A posição política de Salazar quanto aos territórios do Ultramar, os conflitos e abusos sofridos nas Colónias, e as mudanças nos indivíduos com o revirar das circunstâncias é tratado com uma honestidade simples e tocante. É um livro diferente, chocante, divertido, angustiante... que vale a pena ler do início ao fim.
369 reviews1 follower
June 6, 2022
Um livro magnético.
A forma como misturou: personagens, acontecimentos baseados na história e a estruturação em pequenos capítulos, mas densos e com grande maturidade literária.
Vencedor do prémio Leya 2021.


July 12, 2022

Um livro belíssimo que liga o longe e o perto, o passado e o presente, o escondido e o visível.
Uma obra de maturidade literária. Um prémio muito bem atribuído.
A ler, obrigatoriamente.
Profile Image for Maria Silva.
193 reviews1 follower
January 3, 2024
A leitura das primeiras páginas gerou em mim uma grande expetativa. A personagem Xavier Sarmento prometia ser um curandeiro do corpo e da alma das pessoas que precisassem, apenas com os seus conhecimentos sobre plantas. Era um dom que se transformou em poder.
Xavier tem um relacionamento com Custódia, do qual nasce o seu filho Manuel Joaquim que tem o dom da invisibilidade; aqui começa outra fase da história, envolve os escravos e o servilismo. Os seus rostos inexpressivos, a invisibilidade dos escravos.
O livro tem uma mistura de ideias políticas, economia e da arte de curar. É rico em metáforas e vocabulário que aprendi, não as prometo decorar porque não uso, mas são uma mais-valia.
Também aborda a violência das detenções para averiguações do regime político.
“O segredo é fundamental para que um dom se transforme em poder. Esta frase fez-me pensar nos poderes ocultos que as intenções das pessoas que detêm o poder podem usar para bem ou para mal.
É uma leitura amena.
January 7, 2024
Soluções narrativas brilhantes. José Carlos Barros conta uma estória a partir da história. A história de um Portugal rural, conservador, corrupto. A história da violência colonial ainda pouco tocada e narrada na literatura portuguesa ainda que haja tanto por escrever sobre a ipocrisia que JCB tão bem retrata.
Uma só nota. Depois de um crescendum de violência esperava um final mais articulado.
February 22, 2024
A ideia da história é muito interessante, assim como o enquadramento histórico. A personagem principal "cresce" ao longo da história, no entanto, perdemo-la antes do final do livro.
Na verdade, acho que falta um verdadeiro epílogo, infelizmente o autor perdeu-me nos capítulos finais
10 reviews
January 23, 2023
I liked the writing, simple but not boring. The story report us to a vast period of the portuguese history, beetween the begining of the second worl war, focusing the colonial portuguese past and de will of many ending it and others perpetuating it. Finaly the dictatorship ends and the beginning of the democratic period brings back old ghosts.

Still a little confusing and the story lacks some coherence and a good guiding thread.

Not a masterpeace, but a good reading.
Displaying 1 - 29 of 29 reviews

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