Povo Jahai
O povo Jahai é um povo indígena, parte do povo Semang, que habita a península da Malásia e partes da Tailândia.
Jahai é o maior grupo dentro do subgrupo étnico Negrito. Fazem parte dos Orang Asli, que significa "povos nativos" em malaio, e são os mais antigos habitantes da península malaia.[1] Em 2000, foram recenseados 1,244 indivíduos deste povo, número que em 2003 subiu para 1.843.[2]
Originalmente, eram um povo nômade. Após a construção da hidrelétrica Temenggor, na década de 1970, foram alvo de um programa do governo malaio que os tornou um povo semi-nômade.[3]
Língua jahai
[editar | editar código-fonte]A língua jahai tem destaque na mídia e em estudos científicos por sua capacidade de descrever cheiros de maneira abstrata. Enquanto falantes de línguas de origem europeia como o inglês têm dificuldades de descrever e identificar cheiros, os falantes de jahai possuem palavras que os permitem identificar odores de maneira mais precisa.[4] Termos relacionados a odor em jahai são baseados em qualidades abstratas, e não em fontes específicas.[5][6]
Em experimento, quando apresentados aos mesmos cheiros, falantes de jahai utilizaram termos abstratos, enquanto falantes de holandês produziram grande diversidade de respostas, utilizando palavras concretas referentes a fonte dos cheiros, situações, avaliação do cheiro (como "wow"), comparações com outras modalidades de sentidos ("afiado", "morno"), entre outras estratégias.[5] Falantes de inglês descrevem cheiros com respostas mais longas e diferente dependendo da pessoa, enquanto falantes de jahai utilizam respostas mais curtas e coerentes com respostas de outros participantes.[7]
Termos de odor | Tradução aproximada | Exemplos de fontes | Notas |
---|---|---|---|
cŋəs | 'cheirar comestível, saboroso' | comida cozida, doces | |
crŋir | 'cheirar assado' | comida assada | |
harɨm | 'ser fragrante' | várias flores, perfumes, sabonete | Empréstimo do malaio; significado original em malaio 'fragrante' |
ltpɨt | 'ser fragrante' | várias flores, perfumes, urso-gato-asiático | |
haʔɛ̃t | 'cheirar mal' | fezes, carne podre, pasta de camarão | |
pʔus | 'ser mofado' | moradias antigas, cogumelos, comida velha | |
cŋɛs | 'ter um cheiro picante' | gasolina, fumaça, excremento de morcego | |
sʔı̃ŋ | 'ter cheiro de urina humana' | urina humana, solo da vila | |
haɲcı̃ŋ | 'ter cheiro parecido com urina' | urina | Empréstimo do Malaio; significado original em Malaio 'odor fétido, fedor' |
pʔih, plʔeŋ | 'ter cheiro de sangue/peixe/carne' | sangue, peixe cru, carne crua | |
plʔɛŋ | 'ter cheiro de sangue que atrai tigres' | piolhos esmagados, sangue de esquilo |
Referências
- ↑ Yusof, Hayati Mohd; Ching, Ting Siew; Ibrahim, Roshita; Lola, Safiih (2007). «Anthropometric indices and life style practices of the indigenous Orang Asli adults in Lembah Belum, Grik of Peninsular Malaysia». Asia Pacific Journal of Clinical Nutrition (1): 49–55. ISSN 0964-7058. PMID 17215180. Consultado em 23 de março de 2024
- ↑ «Basic Data / Statistics». Center for Orang Asli Concerns. 20 de agosto de 2012. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ Burenhult, Niclas (2005). A Grammar of Jahai (PDF). Col: Pacific Linguistics 566. Canberra: Pacific Linguistics, The Australian National University. ISBN 0-85883-554-1. doi:10.15144/pl-566. hdl:1885/146729
- ↑ Gerschenfeld, Ana (14 de janeiro de 2014). «Na língua deste povo nómada da Malásia há todo um mundo de cheiros». PÚBLICO. Consultado em 23 de março de 2024
- ↑ a b Majid, Asifa; Burenhult, Niclas; Stensmyr, Marcus; de Valk, Josje; Hansson, Bill S. (18 de junho de 2018). «Olfactory language and abstraction across cultures». Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences (1752). 20170139 páginas. ISSN 0962-8436. doi:10.1098/rstb.2017.0139. Consultado em 23 de março de 2024
- ↑ de Valk, Josje M.; Wnuk, Ewelina; Huisman, John L. A.; Majid, Asifa (25 de outubro de 2016). «Odor–color associations differ with verbal descriptors for odors: A comparison of three linguistically diverse groups». Psychonomic Bulletin & Review (4): 1171–1179. ISSN 1069-9384. doi:10.3758/s13423-016-1179-2. Consultado em 23 de março de 2024
- ↑ Majid, Asifa; Burenhult, Niclas (fevereiro de 2014). «Odors are expressible in language, as long as you speak the right language». Cognition (2): 266–270. ISSN 0010-0277. doi:10.1016/j.cognition.2013.11.004. Consultado em 23 de março de 2024
- ↑ Majid, Asifa; Burenhult, Niclas (2014). «Odors are expressible in language, as long as you speak the right language». Cognition. 130 (2): 266–270. ISSN 0010-0277. PMID 24355816. doi:10.1016/j.cognition.2013.11.004. hdl:11858/00-001M-0000-0014-9D63-D