Saltar para o conteúdo

Morro do Moreno

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Vista da Terceira Ponte passando sobre área de preservação aos pés do Morro do Moreno

O Morro do Moreno tem 184 metros de altitude e está localizado próximo ao centro de Vila Velha, estado do Espírito Santo, Brasil. Ao seu lado encontra-se o Convento da Penha, que fica localizado também no topo de um morro. Os dois morros podem ser vistos por quem viaja a partir da capital do estado Vitória até Vila Velha, passando pela Terceira Ponte. São cartões-postais da cidade. Foi declarado como monumento natural de Vila Velha em 2021.[1][2]

No início da colonização portuguesa no Espírito Santo, este morro era conhecido pelo nome de Monte de João Moreno, como é possível ver no mapa mais antigo a focar a região do Espírito Santo, feito em cerca de 1590 pelo cartógrafo português Luis Teixeira.[3] Não se sabe exatamente quem foi João Moreno, mas os nomes dados aos locais de colonização costumavam ser dados de acordo com o nome da pessoa que recebia a região como sesmaria, uma doação do Donatário da capitania para que as terras fossem plantadas e gerassem riquezas e comida, movendo a economia imperial portuguesa e dando suporte para a colonização do Brasil.[4]

O Morro do Moreno teve participação importante na defesa da Capitania do Espírito Santo, assim como as fortificações que foram construídas durante o período colonial na entrada da baía de Vitória. Em um caso famoso, o morro foi todo posto em chamas, a fim de tentar afugentar invasores estrangeiros, que eram comandados pelo importante navegador e corsário inglês Thomas Cavendish, o terceiro a realizar uma volta ao mundo, após Fernão de Magalhães e Francis Drake.

A tentativa de invasão é narrada pelo próprio Cavendish, em seu diário de navegação,[5] e também por um de seus marujos que acabou vivendo vários anos no Brasil, chamado Anthony Knivet.[6] De acordo com Basílio de Carvalho Daemon, os portugueses teriam construído pequenos fortins de palha para realizar a defesa, e também teriam incendiado parte do morro para dar a noção de maiores números e assustar os invasores:

Mandou então [Cavendish] barra acima três lanchas para a descoberta e encontrando estas três navios perto de Vila Velha ou do Espírito Santo, pretendeu o comandante que fossem aprisionados e não podendo ser por aproximar-se a noite e recearem, limitaram-se a cortar as amarras. Nesta noite, todas as montanhas ao redor até Vila Velha foram pelos povoadores circuladas de fogueiras, pelo que Cavendish não se animou a passar o canal da barra, receoso de encalhar os navios, pelo pouco fundo que encontraram na barra, não ter prático e poder cair em alguma cilada.[7]

A tentativa de invasão dos ingleses se mostrou frustrada e eles abandonaram o Espírito santo e o Brasil em seguida, retornando para a Europa.

O acesso ao morro pode ser feito de duas formas: pela estrada de terra, que pode ser enfrentada por um veículo 4x4, a pé e até mesmo de bicicleta de montanha, ou mesmo em uma das diversas possibilidades de trilhas.

Do alto do morro são comuns pessoas observando o nascer e o pôr do sol. Durante o réveillon muitos optam em ver a queima de fogos que acontece na orla das praias de Vila Velha do alto do Morro.

Características

[editar | editar código-fonte]
Cacto - Morro do Moreno

O morro é localizado praticamente no centro da cidade, mas é formado pela Mata Atlântica, sendo de um dos lados cercado pelo mar, onde dá acesso ao Porto de Vitória passando por debaixo da 3º ponte, e do outro lado a cidade.

Possui locais para pesca, rapel, trilhas (trekking), bicicleta de montanha, rampa para voo livre, fonte com água mineral, e uma bela vista para a cidade de Vitória e de Vila Velha, para o Convento da Penha e as praias da Costa e Itapuã. No alto do morro existem várias torres de comunicação.

Possui uma vasta flora, que é característica da Mata Atlântica. Desde flores e orquídeas de pequeno porte, árvores frutíferas, até árvores de grande porte são encontradas. Alguns exemplos :

A fauna local possui uma grande quantidade de pássaros, lagartos e insetos. Também podem ser encontrados saguis, caranguejeiras e cobras.

As rochas encontradas no morro são, predominantemente, granitóides de diferentes gerações, com enclaves máficos de variados tamanhos.

  1. Rodrigo Elias (27 de maio de 2022). «Prefeitura assina O.S. de elaboração do Plano de Manejo do Morro do Moreno». Prefeitura. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022 
  2. Barbara Oliveira (9 de julho de 2021). «Mirantes e montanhas: confira opções para ver a Grande Vitória do alto». A Gazeta. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022 
  3. fabiopaivareis (28 de março de 2018). «Exposição: Ilha de Duarte de Lemos». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 
  4. Reis, Fabio Paiva (14 de fevereiro de 2017). «As representações cartográficas da Capitania do Espírito Santo no século XVII». Consultado em 23 de junho de 2022 
  5. fabiopaivareis (11 de outubro de 2016). «The last voyage of the worshipful M. Thomas Cavendish (1625)». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 
  6. fabiopaivareis (11 de outubro de 2016). «As Incríveis Aventuras e Estranhos Infortúnios de Anthony Knivet (1625)». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 
  7. fabiopaivareis (16 de agosto de 2016). «Província do Espírito Santo: sua descoberta, história cronológica, sinopse e estatística, de Basílio Carvalho Daemon (1879)». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]