Michael J. Ryan
Michael J. Ryan | |
---|---|
Nascimento | 1965 (59 anos) Sligo, Irlanda |
Educação | Graduado em Medicina, Saúde Pública e Cirurgia |
Alma mater | NUI Galway, University College Dublin, Health Protection Agency |
Carreira médica | |
Ocupação | Médico e Diretor-Executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS |
Área | Saúde Pública e Doenças Infeciosas |
Anos em atividade | 1980-presente |
Michael "Mike" Joseph Ryan[1] (Sligo, 1965) é um ex-cirurgião e epidemiologista especializado em doenças infeciosas e saúde pública. É diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), onde lidera a equipa responsável pela contenção e tratamento internacional da COVID-19.[2][3] Ryan ocupou posições de liderança e trabalhou em várias equipas de resposta a surtos, para erradicar a propagação de doenças, incluindo disenteria bacilar, cólera, febre hemorrágica da Crimeia-Congo, ébola, doença do vírus Marburg, sarampo, meningite, febre recorrente, febre do vale Rift, SARS e Shigelose.[4][5]
Início de vida e educação
[editar | editar código-fonte]Ryan é natural da cidade de Curry, perto de Tubbercurry, no Condado de Sligo, na Irlanda.[6] Cresceu na cidade de Charlestown, no condado de Mayo.[4] O seu pai trabalhava como marinheiro mercante.[1]
Ryan formou-se em medicina na Universidade Nacional da Irlanda em Galway.[1] Depois, especializou-se em ortopedia na Escócia. Ryan tem um mestrado em saúde pública pela University College Dublin . Mais tarde, ele concluiu a formação em controlo de doenças transmissíveis, saúde pública e doenças infecciosas na Health Protection Agency, em Londres. Ryan também concluiu o Programa Europeu de Formação em Epidemiologia de Intervenção (EPIET).[2][4]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Início de carreira
[editar | editar código-fonte]Em julho de 1990, Ryan mudou-se para o Iraque com a sua namorada, com quem mais tarde casou, para formar médicos iraquianos. Logo após a sua chegada, ocorreu a invasão do Kuwait, que suspendeu o seu trabalho e fez com que ele e a sua esposa fossem obrigados a trabalhar como médicos em cativeiro, trabalhando, muitas vezes, sob coação. Até um comboio militar colidiu com um veículo onde Ryan estava, fraturando-lhe várias vértebras.[1][7] Eventualmente, Ryan e sua esposa foram autorizados a deixar o Iraque devido aos seus ferimentos. A grave lesão nas costas de Ryan proibiu-o de trabalhar como cirurgião. Mudou-se para o campo da saúde pública e das doenças infecciosas.[3][8]
Ryan trabalhou com a Fundação Bill e Melinda Gates, nos seus esforços para acabar com as doenças infeciosas em África.[9]
Carreira na OMS
[editar | editar código-fonte]Em 1996, Ryan entrou para a Organização Mundial da Saúde para trabalhar numa unidade recém-aberta, focada em epidemias e doenças infeciosas, sob a direção do especialista em doenças infeciosas, David L. Heymann.[1][2] Ele desenvolveu diretrizes de resposta a surtos de sarampo como parte integrante da equipa do Programa Expandido de Imunização (EPI), que implementou a vigilância de paralisia flácida aguda, que é como a poliomielite é erradicada.[4]
De 2000 a 2003, Ryan foi coordenador da Resposta Epidémica na OMS.[2] Em 2001, estava no Uganda, onde era chefe de uma equipa de especialistas internacionais envolvidos na contenção da epidemia de Ébola.[10] Durante esse período, ele esteve em áreas de conflito como a República Democrática do Congo, onde a ajuda humanitária era frequentemente atacada e assassinada.[7] Em 2003, ele trabalhou, também, como Coordenador Operacional do surto de SARS.
De 2005 a 2011, Ryan foi diretor de operações globais de alerta e resposta da OMS.[2] Durante esse período, ele trabalhou no desenvolvimento do Centro Estratégico de Operações em Saúde da OMS e do Sistema de Gestão de Eventos. Ele trabalhou na implementação do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), entre outros deveres relacionados com doenças infeciosas e respostas de emergência a agentes patogénicos e epidemias.[4]
Em 2011, Ryan deixou a OMS e regressou à Galway, na Irlanda, para trabalhar na Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite (GPEI) no Paquistão, Afeganistão e Médio Oriente, onde trabalhou até 2017, regressando depois à OMS.[1][3]
Nos primeiros dias da crise do Ébola, Ryan era epidemiologista, coordenador de campo, coordenador operacional ou diretor durante a maioria dos surtos em África. De 2014 a 2015, ele foi consultor sénior da Missão das Nações Unidas para Resposta de Emergência ao Ébola (UNMEER) na África Ocidental Trabalhou, em campo, na Guiné, Libéria e Serra Leoa .[4]
De 2013 a 2017, Ryan trabalhou, de novo, no Médio Oriente como consultor sénior de erradicação da poliomielite e emergências da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite da Organização Mundial da Saúde (GPEI).[4] O objetivo era erradicar a poliomielite no Paquistão e Afeganistão.[5] Coordenou o suporte operacional e técnico às atividades de resposta a surtos de poliomielite na região da Síria e Iraque. Em 2014, a diretora-geral Margaret Chan nomeou Ryan para o Grupo Consultivo da OMS para a Resposta às Doenças pelo Vírus do Ébola, que foi co-presidido por Sam Zaramba e David L. Heymann.[11] Durante esse período, ficou em Islamabad, Paquistão, no Centro Nacional de Operações de Emergência (NEOC), onde trabalhou com o governo do Paquistão.
De 2017 a 2019, Ryan foi Diretor-Geral Assistente para Preparação e Resposta a Emergências no Programa de Emergências em Saúde da OMS.[2] Em 2019, fez parte da liderança que criou o Relatório Global de Preparação para o Global Preparedness Monitoring Board (GPMB).[5]
Em 2019, Ryan tornou-se Diretor-Executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde, substituindo Peter Salama.[2]
Como parte de seu trabalho na OMS, Ryan aparece regularmente em conferências de imprensa sobre a pandemia de COVID-19.[12] Ryan forneceu respostas para perguntas comuns sobre estratégias para combater a pandemia e encontrar uma vacina. Com base na sua experiência na República Democrática do Congo com o Ébola, Ryan disse que, não obstante o distanciamento social, os bloqueios e as restrições de movimento parem a propagação do COVID-19, a erradicação do vírus exigirá intervenções de saúde pública em larga escala com foco nos princípios centrais de contenção: vigilância comunitária, análise de contactos próximos, isolamento e quarentenas.[13]
Além das suas atividades na OMS, Ryan trabalhou como professor de saúde internacional na University College Dublin. Lecionou medicina e saúde pública nos níveis de graduação e pós-graduação.[4]
Outras atividades
[editar | editar código-fonte]- Membro fundador da Rede global de alerta e resposta a surtos, (GOARN),[2][4]
- Membro do Grupo Informal de Consultoria sobre a Resposta às Doenças do Vírus Ébola
- Programas de Emergências em Saúde da OMS, Comitê Independente de Supervisão e Assessoria (2016-2017)
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Em 1988, Ryan conheceu a sua esposa, Máire Connolly, na faculdade de medicina em Galway. Casaram-se em 1997.[14] Connolly também é médica e escritora, especializada em doenças infeciosas tendo também trabalhado na Organização Mundial da Saúde.[1][10][15] É professora de segurança sanitária e doenças infecciosas na Universidade Nacional da Irlanda em Galway.[16] Têm três filhos.
Ryan vive em Genebra, Suíça.[17]
Obras e publicações selecionadas
[editar | editar código-fonte]- «Rumors of Disease in the Global Village: Outbreak Verification». Emerging Infectious Diseases. 6: 97–102. PMID 10756142. doi:10.3201/EID0602.000201
- «Conceptual framework of public health surveillance and action and its application in health sector reform». BMC Public Health. 2. PMID 11846889. doi:10.1186/1471-2458-2-2
- «An Outbreak of Rift Valley Fever in Northeastern Kenya, 1997-98». Emerging Infectious Diseases. 8: 138–144. PMID 11897064. doi:10.3201/EID0802.010023
- «WHO advocates investment in global infrastructure for outbreaks such as smallpox». BMJ. 326: 447–447. PMID 12595391. doi:10.1136/BMJ.326.7386.447
- «Shigella dysenteriae serotype 1 in west Africa: intervention strategy for an outbreak in Sierra Leone». The Lancet. 362: 705–706. PMID 12957094. doi:10.1016/S0140-6736(03)14227-4
- «Communicable diseases in complex emergencies: impact and challenges». The Lancet. 364: 1974–1983. PMID 15567014. doi:10.1016/S0140-6736(04)17481-3
- «The Global Outbreak Alert and Response Network». Global Public Health. 9: 1023–1039. PMID 25186571. doi:10.1080/17441692.2014.951870
- «Ebola vaccines: keep the clinical trial protocols on the shelf and ready to roll out». The Lancet. 385: 1913–1915. PMID 25843891. doi:10.1016/S0140-6736(15)60645-6
- «Response to a Large Polio Outbreak in a Setting of Conflict — Middle East, 2013–2015». MMWR. Morbidity and Mortality Weekly Report. 66: 227–231. PMID 28253229. doi:10.15585/MMWR.MM6608A6
- «Spatial model for risk prediction and sub-national prioritization to aid poliovirus eradication in Pakistan». BMC Medicine. 15. PMID 29017491. doi:10.1186/S12916-017-0941-2
- «Outbreak of Ebola virus disease in the Democratic Republic of the Congo, April–May, 2018: an epidemiological study». The Lancet. 392: 213–221. doi:10.1016/S0140-6736(18)31387-4
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Tedros Adhanom – Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde, antigo Ministro na Etiópia
- Bruce Aylward – Médico epidemiologista canadiano, líder da missão conjunta da OMS-China para a COVID-19
- Maria Van Kerkhove –Epidemiologista estadunidense
Notas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Michael J. Ryan (doctor)».
Referências
- ↑ a b c d e f g «The World Health Organization's emergencies chief is put to the test». STAT
- ↑ a b c d e f g h «WHO Headquarters Leadership Team: Dr Michael Ryan, Executive Director, WHO Health Emergencies Programme». World Health Organization (em inglês)
- ↑ a b c «Irishman leading WHO response to coronavirus outbreak optimistic». The Irish Times (em inglês)
- ↑ a b c d e f g h i «About WHO: Dr Michael J Ryan, Senior Advisor, Global Polio Eradication Initiative (GPEI), National Emergency Operations Centre, Islamabad, Pakistan». World Health Organization
- ↑ a b c «Q&A: How countries in crisis can prepare for a coronavirus epidemic». The New Humanitarian (em inglês)
- ↑ «Corona Virus». The Sligo Champion
- ↑ a b «Taking risks to provide care in a conflict zone». World Health Organization (em inglês)
- ↑ «Sligoman leads the fight against global spread of coronavirus». Ocean FM (Ireland)
- ↑ «How a former trauma surgeon from Ireland is leading global fight against coronavirus». Irish Independent (em inglês)
- ↑ a b «Hero doctor returns from fighting Ebola virus». Irish Independent (em inglês)
- ↑ «WHO: Members of the WHO Advisory Group on the Ebola Virus Disease Response». World Health Organization
- ↑ «COVID-19 – Virtual Press conference 18 March, 2020» (PDF). World Health Organization
- ↑ «Talk to AlJazeera: WHO's Dr Mike Ryan: Coronavirus vaccine 'at least a year' away». Al Jazeera
- ↑ «From a Far Continent, Victims' Needs Beckon. But So Does Her Family.». The New York Times
- ↑ «Team at PANDEM - Pandemic Risk and Emergency Management EU: Coordinator Prof. Máire Connolly (NUIG)». PANDEM
- ↑ «Pandemic expert calls for action now against future outbreaks». Research Professional News
- ↑ «Charlestown man at heart of worldwide fight against coronavirus». The Mayo News