Meribanes III
Meribanes III | |
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Mepe do Reino da Ibéria | |
Reinado | 284 – 361 |
Antecessor(a) | Asparuces I |
Sucessor(a) | Sauromaces II |
Nascimento | ca. 267 |
Império Sassânida | |
Morte | 361 |
Misqueta | |
Sepultado em | Mosteiro de Santavro, Misqueta, Geórgia |
Abexura Nana da Ibéria | |
Religião | Zoroastrianismo (antes) Cristianismo niceno (depois) |
São Meribanes | |
Veneração por | Igreja Ortodoxa |
Festa litúrgica | 1 de outubro[1] |
Meribanes III (em georgiano: მირიან) foi rei da Ibéria e fundador da dinastia cosroida. Príncipe mirrânida, teve o trono ibério assegurando pelos sassânidas. Após converter-se ao cristianismo, fez deste a religião oficial da Ibéria em 337 e estreitou relações com o Império Romano.[2] É venerado como Santo Igual aos Apóstolos Rei Mirian (em georgiano: წმინდა მოციქულთასწორი მეფე მირიანი, transl. Ts'minda Motsikultasts'ori Mepe Miriani) na Igreja Ortodoxa Georgiana, comemorado em 1 de outubro no calendário litúrgico junto a sua esposa, a Rainha Nana.[3][4]
A cronologia do príncipe Vacusti, filho do Rei Vactangue VI da Cártlia, data o início de seu reino ao ano de 268 e sua morte a 345, o que o historiador Cyril Toumanoff corrige, respectivamente, para 284 e 361. Entre fontes antigas, sua vida foi amplamente relatada pelo historiador contemporâneo Amiano Marcelino e por crônicas georgianas e armênias, como a de Moisés de Corene.[5][6]
Nome
[editar | editar código-fonte]Mirranes (Μιρράνης) ou Mitranes (Μιτράνης) são as formas gregas do nome persa médio Mirã (Mihrān),[7] que derivou do persa antigo Mitrana (*Miθrāna-).[8] Foi registrado em armênio como Mirã (Միհրան) e Merã (Մեհրան / Մէհրան, Mehran)[9] e em georgiano como Miriã (მირიან).[7] Em sua forma georgiana, foi latinizado como Meribanes pelo historiador Amiano Marcelino.[10][11] Segundo a Vida de Vactangue, esse nome estava ligado a Mirdates, que deu origem a Mitrídates e outros nomes análogos.[12]
Vida
[editar | editar código-fonte]O rei nasceu no Império Sassânida por volta do ano de 267, no seio da poderosa família mirrânida, de onde tirou seu nome Mihran, tendo desde muito novo o trono da Ibéria assegurado pelos persas, o que resultou a adaptação de seu nome para Meribanes (Mirian). Foi inicialmente casado à princesa Abexura, filha do anterior rei ibérico, Asparuces I, mas após sua morte jovem e sem filhos se casou com a princesa grega Nana, provavelmente filha do rei bósforo Olímpio. No começo de seu reino, teria tomado parte dos romanos nas guerras contra sua terra natal sassânida, estabelecendo após a Paz de Nísibis laços com o Império Romano que se cimentariam ainda mais após a conversão de ambos os impérios ao cristianismo.[13][14]
Por volta do ano de 334, sua esposa foi convertida pela missionária capadócia Santa Nino, o que causou em Meribanes, um zoroastriano convicto, descontentamento, pelo qual ameaçou divorciá-la.[15] Segundo a tradição, no entanto, Meribanes acabaria se perdendo nos bosques em uma viagem de caça após um escurecimento repentino, fazendo-o orar ao "Deus de Nino" e convertendo-se ao ser livrado por um clareamento, igualmente repentino. Subsequentemente, o cristianismo foi decretado a crença oficial da Ibéria, então um dos primeiros reinos cristãos, no ano de 337.
Referências
- ↑ Holy Trinity Russian Orthodox Church: Orthodox Calendar
- ↑ Toumanoff, Cyril (1963). «Iberia between Chosroid and Bagratid Rule». Studies in Christian Caucasian History. [S.l.]: Georgetown UP. Consultado em 30 de junho de 2012
- ↑ Lang, David Marshall (1956), Lives and legends of the Georgian saints, pp. 13-39. London: Allen & Unwin
- ↑ Machitadze, Archpriest Zakaria (2006), "The Feast of the Robe of our Lord, the Myrrh-streaming and Life-giving Pillar, Equals-to-the-Apostles King Mirian and Queen Nana, and Saints Sidonia and Abiatar (4th century)" Arquivado em 6 de março de 2012, no Wayback Machine., in The Lives of the Georgian Saints Arquivado em 14 de junho de 2008, no Wayback Machine.. Pravoslavie.Ru. Retrieved on April 15, 2009.
- ↑ Rapp, Stephen H. (2003), Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts, pp. 293-295. Peeters Publishers, ISBN 90-429-1318-5
- ↑ Toumanoff, Cyril (1967). Studies in Christian Caucasian History, pp. 83-84, 377. Georgetown University Press.
- ↑ a b Rapp 2014, p. 225.
- ↑ Tavernier 2007, p. 250.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 332.
- ↑ Rapp 2003, p. 293–295.
- ↑ Toumanoff 1967, p. 83–84, 377.
- ↑ Rapp 2014, p. 224, 225 (nota 209).
- ↑ Suny, Ronald Grigor (1994), The Making of the Georgian Nation, ISBN 0-253-20915-3 2nd ed. , Bloomington and Indianapolis: Indiana University Press, p. 15
- ↑ Lenski, Noel Emmanuel (2002), Failure of empire: Valens and the Roman state in the fourth century A.D., p. 157. University of California Press, ISBN 0-520-23332-8
- ↑ Isoelian, P. A Short History of the Georgian Church. Saunders, Otley, and Co., London: 1866.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Սանատրուկ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians] (in Armenian). Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Rapp, Stephen H. (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Lovaina: Peeters Publishings. ISBN 90-429-1318-5
- Rapp, Stephen H. Jr. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 1472425529
- Tavernier, Jan (2007). «4.2.1113. *Miθrāna-». Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550–330 B.C.): Lexicon of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts. Dudley, Massachussetes: Peeters Publishers
- Toumanoff, Cyril (1967). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press