Control (filme de 2007)
Control | |
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Reino Unido 2007 • pb • 121 min | |
Género | drama biográfico |
Direção | Anton Corbijn |
Roteiro | Matt Greenhalgh |
Elenco | Sam Riley Samantha Morton Alexandra Maria Lara Joe Anderson Toby Kebbell |
Idioma | inglês |
Control é um filme de 2007 de Anton Corbijn rodado em preto e branco. É um filme biográfico sobre a vida e a morte de Ian Curtis (1956 - 1980), vocalista da banda inglesa de pós-punk Joy Division. O roteiro foi escrito por Matt Greenhalgh e baseia-se no livro Touching from a Distance, escrito pela esposa de Ian Curtis, Deborah, que também co-produziu o filme.
O filme detalha a vida turbulenta do jovem músico, que forjou um novo gênero a partir da cena punk rock britânica dos anos 1970 com a banda Joy Division, que ele liderou de 1977 a 1980. O filme também aborda seu difícil casamento e relações extra-conjugais, bem como suas frequentes crises epiléticas, que sabidamente contribuíram com as circunstâncias que o levaram ao suicídio na véspera da primeira turnê norte-americana do Joy Division.
O título é uma referência a uma música do Joy Division, "She's Lost Control" – acredita-se que a música foi escrita por causa de uma cliente de Ian Curtis enquanto ele trabalhava numa agência de empregos em Manchester, ela era epilética e morreu posteriormente durante uma crise.[1]
Enredo
[editar | editar código-fonte]Ian Curtis (Sam Riley) e Debbie Woodruff (Samantha Morton) casam-se em 1975 em sua cidade natal, Macclesfield, respectivamente com 18 e 17 anos de idade. Ian, entretanto, rejeita a vida doméstica, preferindo escrever poesia isolado num quarto. Em julho de 1976, eles vão a um concerto dos Sex Pistols com Bernard Sumner (James Anthony Pearson), Peter Hook (Joe Anderson) e Terry Mason (Andrew Sheridan), que estão montando uma banda; encantado pelo que viu no concerto, Ian se propõe a ser o vocalista da banda. Eles nomeiam a banda Warsaw, e Terry assume o papel de empresário com a adição do baterista Stephen Morris (Harry Treadaway). A banda estreia em 19 de maio de 1977 e muda de nome para Joy Division. Ian e Debbie gastam suas economias para a gravação do primeiro EP, An Ideal for Living, em 1978.
Ian trabalha numa agência de empregos e testemunha, impressionado, uma candidata, Corinne Lewis (Nicola Harrison), tendo uma convulsão epiléptica.
O apresentador de TV Tony Wilson (Craig Parkinson) apresenta uma música da banda em seu programa, mas dá pouca atenção. Ian o confronta num bar e ele os chama para tocarem ao vivo no programa. Em abril de 1978, o Joy Divison comparece e sua performance de "Transmission" impressiona Tony e Rob Gretton (Toby Kebbell), que torna-se o novo empresário. Eles fecham contrato com a gravadora Factory Records, com Tony assinando com seu próprio sangue.
Em dezembro de 1978, Ian sofre um ataque convulsivo na estrada, quando a banda voltava de carro do primeiro concerto em Londres. Ele é diagnosticado com epilepsia e recebe medicações que o deixam sonolento e sem ânimo. Ao saber que Corinne morreu após um ataque convulsivo, ele compõe a canção "She's Lost Control". Ian começa a ignorar Debbie, que dá a luz à filha do casal, Natalie, em abril de 1979. Ian deixa seu emprego para sair em turnê, deixando Debbie sozinha para trabalhar e cuidar do bebê.
Durante a turnê europeia do Joy Division em 1980, Ian inicia um relacionamento amoroso com a jornalista belga Annik Honoré (Alexandra Maria Lara) após admitir a ela que levava uma vida miserável em casa, e considerava seu casamento um erro. Ao retornar para casa, Ian diz a Debbie que não tem mais certeza de que a ama. Durante um ensaio de "Love Will Tear Us Apart", Rob informa a banda que eles partirão em 19 de maio para uma turnê pelos Estados Unidos. Debbie vasculha os objetos pessoais de Ian e encontra evidências de sua infidelidade com Annik, e confronta-o. Ele promete terminar o caso, mas continua a vê-la durante as gravações de Closer, em Islington.
Ian sofre um ataque convulsivo no meio de um concerto e é amparado por Annik, que admite estar apaixonada por ele. Ele tenta cometer suicídio ingerindo uma grande quantidade de fenobarbital, mas é salvo pelos médicos. Ian continua a fazer concertos, mas sente-se exausto pela demanda do público e estressado pelos problemas. Durante o concerto no Derby Hall, ele não consegue subir para o palco, e inicia-se um tumulto quando Alan Hempstall (Joseph Marshall), vocalista do Crispy Ambulance, tenta cantar em seu lugar. Ian, conversando com Tony, demonstra sinais de depressão ao dizer que ninguém gosta dele, e que ele é culpado por isso. Quando Debbie descobre que Ian continua vendo Annik, ela pede divórcio. Bernard tenta usar hipnoterapia em Ian, que acaba voltando a morar com os pais. Ele escreve uma carta para Annik admitindo que a ama e que tem medo de morrer num ataque epiléptico.
Em 17 de maio de 1980, duas noites antes do Joy Division embarcar para os Estados Unidos, Ian volta para casa e implora a Debbie que não se divorcie dele. Ela se recusa, e ele grita e a expulsa de casa. Após beber sozinho e escrever uma carta para Debbie, ele tem um outro ataque epiléptico. Ao acordar nas primeiras horas da manhã seguinte, ele enforca-se com o varal da cozinha. Debbie encontra seu corpo e sai desesperada para a rua, pedindo socorro, com o bebê nos braços. A notícia da morte de Ian deixa os demais membros do Joy Division perplexos, e o corpo de Ian é cremado.
Produção
[editar | editar código-fonte]Corbijn tem sido um fã devoto do Joy Division desde os primeiros dias da banda nos anos 1970. Após mudar-se para a Inglaterra, ele encontrou a banda e tirou várias fotos para a NME, que impulsionaram sua carreira como fotógrafo. Algumas de suas fotos aparecem no filme. Ele também dirigiu o vídeo clipe de Atmosphere, lançado em 1988. Ele disse que o filme mistura-se com sua própria vida de alguma forma. "Fui para a Inglaterra para me aproximar daquela música na época, e estava curtindo muito Joy Division. Trabalhei com eles, tirei fotos deles que se tornaram sinônimo de sua música, e me liguei a eles para sempre. Então oito anos após a morte [de Ian Curtis], fiz o vídeo de Atmosphere, de modo que eu sempre estive ligado a eles."[2]
Control marca a estreia de Corbijn como diretor de cinema, e ele próprio arcou com metade do orçamento de €4,5 milhões, do próprio bolso.[3] O filme foi rodado em cores e impresso em preto e branco para "refletir a atmosfera do Joy Division e o clima da era".[4] Todd Eckert e Orian Williams são os produtores. Deborah Curtis, viúva de Ian Curtis, é co-produtora, junto com Tony Wilson, que morreu meses antes do lançamento do filme. Foi Wilson que deu ao Joy Division sua estreia na TV no programa de variedades local Granada Reports, e também fundou a Factory Records, que lançou a maior parte do trabalho do Joy Division.
Após o término do roteiro do filme em maio de 2005, as filmagens começaram em Nottingham, Manchester e Macclesfield, na Inglaterra, bem como algumas outras locações europeias. A primeira filmagem começou em 3 de julho de 2006 e duraram sete semanas. As tomadas na rua Barton (onde Ian Curtis viveu e morreu) deram-se em 11 e 12 de julho de 2006. A EM Media, uma agência regional de filmes, investiu £250.000 do fundo europeu de desenvolvimento regional na produção de Control, e ajudou durante os trabalhos de filmagem.[5] Samantha Morton (Deborah Curtis) e Toby Kebbell (Rob Gretton) estudaram na Junior TV Workshop em Nottingham.
A filha de Ian e Deborah Curtis, Natalie, estava na platéia como figurante na tomada da apresentação no Derby Hall.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Ian Curtis – Sam Riley
- Deborah Curtis – Samantha Morton
- Annik Honoré – Alexandra Maria Lara
- Bernard Sumner – James Anthony Pearson
- Peter Hook – Joe Anderson
- Stephen Morris – Harry Treadaway
- Rob Gretton – Toby Kebbell
- Tony Wilson – Craig Parkinson
- Terry Mason – Andrew Sheridan
- Twinny – Robert Shelly
- Nick Jackson – Matthew McNulty
- Martin Hannett – Ben Naylor
- John Cooper Clarke – o próprio
Lançamento
[editar | editar código-fonte]A Weinstein Company comprou os direitos para o lançamento do filme na América do Norte após a bem-sucedida apresentação em Cannes.[6] As cópias em DVD foram lançadas no Reino Unido em 11 de fevereiro de 2008.
Bilheteria
[editar | editar código-fonte]O filme arrecadou cerca de US$8.159.508, sendo que 71% da receita veio de países fora do Reino Unido.[7] Ele ocupa a 32ª posição de arrecadação de bilheteria (não ajustado pela inflação), abaixo de 24 Hour Party People e acima de What We Do Is Secret entre os filmes do mesmo gênero de biografia musical.
Recepção
[editar | editar código-fonte]Peter Bradshaw, crítico de cinema chefe do The Guardian, considera Control como "o melhor filme do ano: uma suave, sombriamente engraçada, e soberba cinebiografia de Curtis".[8] O crítico de cinema Roger Ebert, deu ao filme 3.5 estrelas, em uma classificação em que a nota máxima é 4 estrelas, e escreveu que "a realização extraordinária de Control é que ao mesmo tempo que ele funciona como uma cinebiografia, ele é a história de uma vida."[9]
No site agregador de análises Rotten Tomatoes, o filme recebeu classificação 87%, sendo que 93 de 107 críticos deram ao filme classificação positiva.[10] O Metacritic deu ao filme uma classificação média 78 de 100, com base em 27 críticas, considerando que o filme teve "opiniões geralmente favoráveis".[11]
No entanto, alguns críticos discordam da maioria e deram opiniões negativas ao filme. Como Ray Bennett da Reuters, que deu ao filme classificação de "decepcionante".[12]
Reação dos membros da banda
[editar | editar código-fonte]Peter Hook e Stephen Morris, dois dos membros fundadores do Joy Division, em geral elogiaram o filme. No entanto, Morris contestou a sua precisão, dizendo: "Nada disso é verdade realmente", mas reconheceu a necessidade de aumentar os fatos, porque "a verdade é muito chata". Hook criticou a reação do público na pré-estreia, por bater palmas ao fim da apresentação. "Seria melhor, um digno silêncio".[13]
Após a exibição do filme em Cannes, Hook comentou que "sabia que era um grande filme e que seria muito bem recebido, porque mesmo tendo duas horas de duração, apenas duas pessoas foram ao banheiro durante o tempo todo. Na verdade, um dos deles foi Bernard e a outra era uma mulher de 70 anos de idade".[14]
Imprecisões históricas
[editar | editar código-fonte]- O filme mostra Ian Curtis unindo-se ao Joy Division quando Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris já estavam na banda. Na verdade, a banda teve uma sucessão de bateristas (incluindo Terry Mason, antes de se tornar o empresário da banda) antes de Stephen Morris, que foi admitido em grande parte por ter sido colega de Ian Curtis no colégio.
- Ao contrário do boato, Tony Wilson não assinou o contrato com seu próprio sangue. O Joy Division sequer assinou um contrato com a Factory Records.
- Quando se casou com Deborah Curtis, Ian Curtis tinha um corte de cabelo curto. No filme, na cena em que estão se casando, ele tem cabelos longos.
- O sobrenome de Stephen Morris tem apenas um S, e não dois, como dito por Tony Wilson.
- A casa original de Ian e Deborah Curtis, número 77 da rua Barton em Macclesfield, foi usada no filme. Entretanto, o casal não passou toda a vida de casados lá; eles viveram com os avós de Ian em Hulme, Manchester, ocupado uma casa em Chadderton Oldham antes de comprarem a casa de dois quartos da rua Barton.
- A performance no Granada Reports, no dia 20 de setembro de 1978, conforme mostrada no filme, mostra a banda tocando Transmission ao invés de Shadowplay, a música que eles realmente tocaram.[15] A banda tocou Transmission no programa Something Else, da BBC2, no dia 15 de setembro de 1979.[16]
- A cadela de Ian e Deborah, Candy, não aparece no filme, apesar de Ian carregar uma foto dela em sua maleta.
- Perto do final do filme, Ian retorna à casa de seus pais em Macclesfield para morar com eles. De acordo com o livro, nesta época seus pais viviam em Moston, Manchester.
Trilha sonora
[editar | editar código-fonte]Control | |
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Trilha sonora de vários artistas | |
Lançamento | 30 de outubro de 2007 (EUA) |
Gênero(s) | Rock |
Idioma(s) | inglês |
Gravadora(s) | Warner Bros. Records |
Críticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Allmusic | link |
O The Killers fez um cover da canção "Shadowplay" do Joy Division exclusivamente para a trilha sonora do filme,[17] que também leva canções originais de David Bowie e Buzzcocks. Porém, as performances ao vivo do Joy Division mostradas ao longo do filme foram feitas pelos próprios atores. O New Order também cedeu algumas composições para a trilha incidental do longa.
Lista de reprodução
[editar | editar código-fonte]N.º | Título | Artista | Duração | |
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1. | "Exit" | New Order | 1:14 | |
2. | "What Goes On" | The Velvet Underground | 5:07 | |
3. | "Shadowplay" | The Killers | 4:11 | |
4. | "Boredom" (ao vivo) | Buzzcocks | 3:07 | |
5. | "Dead Souls" | Joy Division | 4:51 | |
6. | "She Was Naked" | Supersister | 3:53 | |
7. | "Sister Midnight" | Iggy Pop | 4:18 | |
8. | "Love Will Tear Us Apart" | Joy Division | 3:26 | |
9. | "Hypnosis" | New Order | 1:35 | |
10. | "Drive in Saturday" | David Bowie | 4:31 | |
11. | "Evidently Chickentown" (ao vivo) | John Cooper Clarke | 0:31 | |
12. | "2HB" | Roxy Music | 4:29 | |
13. | "Transmission" | Control cast | 3:02 | |
14. | "Autobahn" | Kraftwerk | 11:23 | |
15. | "Atmosphere" | Joy Division | 4:33 | |
16. | "Warszawa" | David Bowie | 6:21 | |
17. | "Get Out" | New Order | 2:42 |
Referências
- ↑ Reynolds, Simon (2006) Rip It Up and Start Again: PostPunk 1978-1984. New York: Penguin Books
- ↑ «Losing Control». Metromix.com – Entrevista por Drew Tewksbury. Drewtewksbury.com. 8 de outubro de 2007. Arquivado do original em 15 de dezembro de 2013
- ↑ Entrevista com Anton Corbijn sobre o filme Control – Dutch TV, 18 de agosto de 2006
- ↑ «Control: The Ian Curtis film». Joy Division Central. Joydiv.org. 2 de fevereiro de 2007
- ↑ «Páginda da EM Media» (em inglês). Em-media.org.uk
- ↑ «Control Picked up for North American Distribution». Hollywood Reporter. NewOrderOnline.com. 2 de junho de 2007. Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ «Control - Box Office Mojo» (em inglês). Boxofficemojo.com. Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ Bradshaw, Peter (5 de outubro de 2007). «Control». Londres. The Guardian. Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ Ebert, Roger (26 de outubro de 2007). «Control». Chicago Sun-Times. Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ «Control - Rotten Tomatoes». Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ «Control - Metacritic» (em inglês). Metacritic.com. Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ Bennett, Ray (29 de maio de 2007). «Joy Division movie "Control" a disappointment» (em inglês). Reuters. Consultado em 12 de novembro de 2011
- ↑ «Joy Division biopic 'not true' say band». NME News. 29 de junho de 2007. Consultado em 25 de junho de 2008
- ↑ Morley, Paul (2008). Joy Division: Piece By Piece. London: Plexus Publishing Limited. 349-350
- ↑ «Granada Reports Performance - Joy Division Central». Joydiv.org
- ↑ «Something Else performance - Joy Division Central». Joydiv.org
- ↑ «The Killers cover Shadowplay» (em inglês). NME. 15 de janeiro de 2007. Consultado em 12 de novembro de 2011
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Control. no IMDb.
- Control @ Joy Division - The Eternal
- RottenTomatoes – página do filme no Rotten Tomatoes
- IonCinema.com – entrevista com Anton Corbijn sobre o filme
- The Guardian – Vendo meu pai no filme, por Natalie Curtis, 30 de setembro de 2007