Balada da Praia dos Cães (filme)
Balada da Praia dos Cães | |
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La Playa de los Perros | |
Portugal / Espanha 1987 • cor • 89 min | |
Género | drama policial |
Direção | José Fonseca e Costa |
Produção | António da Cunha Telles |
Roteiro | Pedro Bandeira-Freire José Fonseca e Costa António Larreta |
Baseado em | Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires |
Elenco | Assumpta Serna Raul Solnado |
Música | Alberto Iglesias |
Cinematografia | Acácio de Almeida |
Figurino | Miguel Sá Fernandes |
Lançamento |
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Idioma | português |
Balada da Praia dos Cães é um filme policial luso-espanhol de 1987, realizado por José Fonseca e Costa.[1] Fonseca e Costa também assina o argumento da longa-metragem, com Pedro Bandeira Freire, José Antonio Larreta e o dialoguista Shawn Slovo, adaptando o romance policial homónimo da autoria do escritor José Cardoso Pires.[2] A narrativa acompanha um complexo inquérito policial nos anos 60 liderado pelo Chefe de Brigada Elias Santana (interpretado por Raul Solnado) para determinar a origem do assassinato de um preso político.[3] Balada da Praia dos Cães estreou comercialmente em Portugal a 12 de março de 1987 e em Espanha a 24 de abril do mesmo ano.[4]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]No começo dos anos 60, entre as dunas da praia portuguesa do Guincho, a oeste de Lisboa, dois cães vadios põe a descoberto e rodeiam o cadáver de um preso político brutalmente assassinado. É identificado como sendo o do Capitão Luís Dantas, um oficial do exército revolucionário procurado pela polícia política, que fugiu da prisão militar do Forte de Elvas com dois companheiros de oposição ao regime salazarista e a colaboração de uma misteriosa mulher.[5]
O acontecimento dá origem a um inquérito policial, não só para determinar a identidade do assassino como também a própria origem do crime.[6] Apanhada de surpresa, a PIDE decide entregar o caso à Polícia Judiciária para que a opinião pública não os acuse de ter cometido o crime.[7] O Chefe de Brigada Elias Santana da Polícia Judiciária, um homem solitário e beato, lidera a investigação. Acredita que o crime pode ter sido motivado por um ajuste de contas por questões políticas.[8]
Mena, a bela jovem que colaborou com a fuga, entrega-se às autoridades. De interrogatório em interrogatório, o Chefe Santana vai penetrando nas personalidades dos suspeitos, reconstituindo e deduzindo o que se terá passado após a fuga do capitão, e o papel que Mena pode ter desempenhado. À medida que avançam as investigações, Elias vai intuindo uma violenta relação amorosa entre Mena e os foragidos.[9]
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Assumpta Serna, como Mena de Ataíde;
- Paula Guedes (Voz de Mena).[10]
- Raul Solnado, como Elias Santana.[11]
- Patrick Bauchau, como Capitão Luís Dantas;
- Mário Viegas (Voz do Capitão Dantas).
- Sergi Matteu, como Arquiteto Fontenova;
- José Jorge Duarte (Voz de Fontenova).
- Carmen Dolores, como D. Otília de Ataíde.
- Pedro Efe, como Cabo Barroca.
- Henrique Viana, como Otelo.
- Mário Pardo, como Roque;
- António Feio (Voz de Roque).
- Cucha Carvalheiro, como Viúva.
- Melim Teixeira, como Condutor.
- Luís Santos, como Mordomo.
- Francisco Pestana, como Agente.
- F. Queiroga, como Inspetor Melo.
- Manuel Cavaco, como Vagabundo.
Produção
[editar | editar código-fonte]Balada da Praia dos Cães é uma produção entre Portugal e Espanha,[6] envolvendo as empresas produtoras Animatógrafo e Andrea Film, bem como a colaboração da Filmform e de Marcel d'Almeida. A longa-metragem contou com a participação financeira do Instituto Português de Cinema, RTP e do Instituto de la Cinematografía y de las Artes Audiovisuales.[12]
Argumento
[editar | editar código-fonte]O guião de Balada da Praia dos Cães é uma adaptação do o romance policial homónimo, publicado originalmente em 1982, da autoria do escritor José Cardoso Pires. Trata-se de uma versão ficcionada de um crime que ocorreu de facto durante a ditadura.[11] A adaptação foi escrita por José Fonseca e Costa, Pedro Bandeira Freire e José Antonio Larreta. Shawn Slovo contribuiu para os diálogos do filme.[13]
Rodagem
[editar | editar código-fonte]As gravações do filme decorreram entre os meses de fevereiro e março de 1986. As cenas exteriores foram rodadas na Praia da Figueirinha (Serra da Arrábida) e o Palácio da Quinta da Comenda (Setúbal) acolheu gravações de interiores.[5]
Temas e estética
[editar | editar código-fonte]A longa-metragem abre com linhas de texto que compõem o contexto histórico da ação e contextualizam Portugal enquanto um país enclausurado pelo moralismo do Estado Novo. Segue-se uma das imagens mais marcantes da obra: um travelling na praia até junto dos cães que rodeiam o cadáver de Dantas. Fonseca e Costa pretendia que esta imagem servisse de metáfora para incursão do filme nas agruras do Portugal fascista.[6]
O argumento é intercalado entre em dois momentos temporais: o que aconteceu antes da morte do Capitão Dantas e a linha de investigação encabeçada pelo Chefe de Brigada Santana. Para além disto, surgem cenas de reconstituição real e imaginada, ao que terá sucedido.[14]
Distribuição
[editar | editar código-fonte]Em Portugal, a longa-metragem estreou comercialmente a a 12 de março de 1987, no Cinema Nimas (Lisboa).[4] Em Espanha, a estreia de Balada da Praia dos Cães ocorreu em Sevilha e Madrid, a 24 de abril do mesmo.
O filme contou com um lançamento em DVD em 2013, editado pela Satyricon.[15]
A partir do dia 25 de setembro de 2020, a plataforma de streaming Filmin prestou homenagem a José Fonseca e Costa, ao adicionar seis dos seus filmes ao seu catálogo, entre os quais Balada da Praia dos Cães.[16]
Receção
[editar | editar código-fonte]Audiência
[editar | editar código-fonte]O filme ganhou alguma atenção do público, dado o seu elenco, em particular Raul Solnado, popularizado como comediante. Ao longo do seu ciclo de exibições, Balada da Praia dos Cães foi visto por 81.995 espetadores em Portugal.[17] Em Espanha, o filme totalizou 25.203 espetadores.
Crítica
[editar | editar código-fonte]Esta adaptação é considerada por muitos, um dos melhores trabalhos do realizador José Fonseca e Costa, dada a eficácia do argumento.[6] Entre eles está Francisco José Viegas (Correio da Manhã) que considera Balada da Praia dos Cães "um dos momentos altos da sua vida como realizador – e dos grandes momentos do nosso cinema."[18] Jorge Leitão de Ramos (Diário de Lisboa) considera que o melhor deste argumento "está nessa mulher que Assumpta Serna encarna com comedida volúpia e mistério".[19] Num texto sobre o filme, a Cinemateca Portuguesa destaca Raul Solnado: "no papel do inspetor, tem uma notável interpretação."[20]
Premiações
[editar | editar código-fonte]Ano | Premiação | Categoria | Trabalho | Resultado | Ref. |
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1987 | Imagific | Prémio da Melhor Interpretação Feminina | Assumpta Serna | Venceu | [13] |
Grande Prémio do IPC-Instituto Português de Cinema | Melhor filme | Balada da Praia dos Cães, António da Cunha Telles | Venceu | ||
1988 | Se7es de Ouro | Melhor Realização | José Fonseca e Costa | Venceu | [21] |
Melhor Fotografia | Acácio de Almeida | Venceu | |||
Melhor Interpretação Masculina | Raul Solnado | Venceu | |||
Melhor Interpretação Feminina | Carmen Dolores | Venceu |
Referências
- ↑ «Ciclo de Cinema Resistência Antifascista: "Balada da Praia dos Cães", de José Fonseca e Costa». www.aconteceagenda.pt. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ PIRES, José Cardoso, Balada da Praia dos Cães, 2ª ed., Lisboa: Dom Quixote, 2008. ISBN 978-972-20-3438-8.
- ↑ «RTP Memória repõe 'Balada da Praia dos Cães'». www.dn.pt. Consultado em 12 de março de 2021
- ↑ a b «Raul Solnado - Uma Balada na Praia dos Cães». Raul Solnado - Uma Balada na Praia dos Cães. Consultado em 12 de março de 2021
- ↑ a b «"A Balada da Praia dos Cães" foi exibido no ciclo de cinema organizado pela URAP-Moita». www.urap.pt. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ a b c d Público. «A Balada da Praia dos Cães». Cinecartaz. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ «Alambique Filmes». alambique.pt. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ de Matos-Cruz, José (1999). O Cais do Olhar. [S.l.: s.n.] p. 227
- ↑ Portugal, Rádio e Televisão de. «A Balada da Praia dos Cães - Filmes - Drama - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ «Balada da Praia dos Cães [Filme; 1987]». dp.uc.pt. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ a b Pereira, Paulo Jorge (1 de novembro de 2020). «"Balada da Praia dos Cães", de José Cardoso Pires». Livroslidos (em inglês). Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ «Balada da Praia dos Cães (1987) • filmes.film-cine.com». filmes.film-cine.com. Consultado em 12 de março de 2021
- ↑ a b Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Balada da Praia dos Cães». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ «Balada da Praia dos Cães (1987) de José Fonseca e Costa». À pala de Walsh. 19 de maio de 2014. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ Resumo da caixa do DVD, Satyricon 2013
- ↑ «Filmin dedica Ciclo a José Fonseca e Costa». Cinema Sétima Arte. 24 de setembro de 2020. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ Leitão Ramos, Jorge (1989). Dicionário do cinema português 1962–1988. Lisboa: Editorial Caminho. p. 45
- ↑ «Blog». www.cmjornal.pt. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ Leitão Ramos, José (20 de março de 1987). «Balada da praia dos cães». Diário de Lisboa
- ↑ «CICLO: JOSÉ CARDOSO PIRES NO CINEMA PORTUGUÊS – NOS 90 ANOS DO NASCIMENTO». Cinemateca Portuguesa. 2015
- ↑ «Cinema Português». cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 12 de março de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Filmes de Portugal de 1987
- Filmes da Espanha de 1987
- Filmes realizados por José Fonseca e Costa
- Filmes em língua portuguesa
- Filmes de drama de Portugal
- Filmes de drama da Espanha
- Filmes baseados em obras de José Cardoso Pires
- Filmes baseados em romances de autores de Portugal
- Filmes gravados no distrito de Setúbal
- Filmes de drama da década de 1980
- Filmes ambientados no século XX
- Filmes premiados