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Amanitore

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Amanitore
Candace do Reino de Cuxe
Amanitore
Base de barco de Natacamani e Amanitore, de Wad Ban Naga (atualmente no Museu Egípcio de Berlim, número de inventário 7261).
Reinado meados do século I EC
Antecessor(a) Amanikhabale (?)
Sucessor(a) Shorkaror
Morte século I EC ?
Descendência Natacamani (filho)

Amanitore, também conhecida como Amanitere ou Amanitare[1], foi uma rainha do Reino de Cuxe, governando a partir de Meroé, em meados do século I EC. Governou ao lado de seu filho, Natacamani.[2]

O reinado conjunto de Amanitore e Natacamani é um período bem documentado e parece ter sido uma época próspera para Cuxe.[2][3] É possível que tenham sido contemporâneos do imperador romano Nero.[2]

Amanitore e Natacamani são conhecidos por suas tumbas e pelos inúmeros monumentos onde ambos são representados juntos. Antigamente, acreditava-se que Amanitore fosse esposa de Natacamani, mas agora é convencionalmente aceito que eram mãe e filho; um antigo grafite encontrado no Templo de Daca sugere fortemente que Amanitore era mãe de Natacamani.[2]

Durante o co-reinado, apenas Natacamani foi explicitamente intitulado como governante (qore), enquanto Amanitore era chamada apenas de candace (rainha consorte/mãe).[4] Entretanto, ambos são claramente representados como co-governantes com poder igual, já que são mostrados usando os trajes e as insígnias reais. Não há registro de que Natacamani ou Amanitore tenham governado sozinhos, sem a presença do outro. Amanitore foi enterrada em sua própria pirâmide em Meroé, conhecida como Beg. N 1. A tumba tem aproximadamente seis metros quadrados na base, não sendo uma pirâmide no sentido matemático.[4]

O palácio real de Amanitore ficava em Jebel Barcal, no atual Sudão, que hoje é um patrimônio da UNESCO. A área de seu reino se estendia entre os rios Nilo e Atbara.[5]

Três príncipes herdeiros são mencionados durante o co-reinado de Amanitore e Natacamani: Arikhankharer, Arikakahtani e Shorkaror. Acredita-se que tanto Arikhankharer quanto Arikakahtani tenham falecido antes de Natacamani e Amanitore, pois apenas Shorkaror é mencionado como rei. A relação familiar entre os príncipes e Natacamani e Amanitore é desconhecida. Com base na cronologia, Amanitore e Natacamani podem ter sido precedidos por Amanikhabale e foram sucedidos por Shorkaror.[2]

Construções

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Amanitore foi uma das últimas grandes construtoras do Reino de Cuxe. A rainha participou da restauração do grande templo de Amon em Meroé e do templo de Amon em Napata, que havia sido demolido pelos romanos. Durante seu reinado, também foram construídos reservatórios para a retenção de água em Meroé. Os dois governantes também construíram templos de Amon em Naqa e Amara.[5]

A quantidade de construções realizadas na metade do primeiro século indica que esse foi o período mais próspero da história Meroítica. Mais de duzentas pirâmides núbias foram construídas, embora a maioria tenha sido saqueada na antiguidade.[6]

Relato bíblico

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Amanitore pode ser a candace mencionada na Bíblia, na história sobre a conversão do etíope em Atos 8:26–40:

«E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para o sul, pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, que está deserto. E ele se levantou e foi; e eis que um homem da Etiópia, um eunuco de grande autoridade sob Candace, rainha dos etíopes, que estava encarregado de todo o seu tesouro e tinha ido a Jerusalém para adorar, estava voltando, e sentado em seu carro lia o profeta Isaías…» (Atos dos Apóstolos 8:26–40)

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Amanitore é o governante da Núbia em uma expansão do jogo de estratégia Civilization VI.[7]

Referências

  1. Lobban Jr., Richard A. (2020). Historical Dictionary of Medieval Christian Nubia. [S.l.]: Rowman & Littlefield. p. 16. ISBN 978-1-5381-3341-5 
  2. a b c d e Kuckertz, Josefine (2021). «Meroe and Egypt». UCLA Encyclopedia of Egyptology: 5, 13, 17 
  3. Eide, Tormod; Hägg, Tomas; Holton Pierce, Richard; Török, László (1998). Fontes Historiae Nubiorum: Textual Sources for the History of the Middle Nile Region Between the Eighth Century BC and the Sixth Century AD: Vol. III: From the First to the Sixth Century AD. [S.l.]: University of Bergen. pp. 897–899, 908, 910. ISBN 82-91626-07-3 
  4. a b Eide, Tormod; Hägg, Tomas; Holton Pierce, Richard; Török, László (1998). Fontes Historiae Nubiorum: Textual Sources for the History of the Middle Nile Region Between the Eighth Century BC and the Sixth Century AD: Vol. III: From the First to the Sixth Century AD. [S.l.]: University of Bergen. pp. 897–899, 903, 908, 910. ISBN 82-91626-07-3 
  5. a b «50 Greatest Africans — Pharaoh Natacamani and Queen Amanitore & Ngola Ann Nzinga». When We Ruled. Consultado em 9 de setembro de 2024 
  6. Török, László (1997). The Kingdom of Kush. Leiden: Brill Academic Publisher. p. 461. ISBN 978-9004104488 
  7. Matheus de Lucca (ed.). «Civilization VI: Núbia faz sua estreia na franquia via DLC». IGN. Consultado em 9 de setembro de 2024