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Julie and Julia
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Andreia's review
bookshelves: livros-iniciados-mas-não-terminados, ano-2018, clube-de-leitura, reviews
Dec 02, 2018
bookshelves: livros-iniciados-mas-não-terminados, ano-2018, clube-de-leitura, reviews
Há livros muito bons que são adaptados ao cinema e, quando os vemos, sentimos que sabem a pouco. Mesmo sendo bons filmes, alguns até muito bons, mas nunca tão bons como os livros: "As horas", "A casa dos espíritos", "Jane Eyre", a série "Millennium" (gostei sobretudo da versão sueca), as várias adaptações das obras de Jane Austen.
Depois há livros assim-assim que são adaptados ao cinema e dão filmes simpáticos, do tipo "pipoca" ou "de domingo". Nestes, muitas vezes são os actores que elevam as narrativas: "Comer, orar, amar" (livro que me aborreceu tanto de início que não o consegui continuar), e este, são disso exemplos.
Embora não tenha terminado 'Julie and Julia', considero-o lido, uma vez que não tenho intenções de voltar a pegar-lhe.
O livro trata da história de uma mulher que encontra um caminho que a torna feliz (embora às vezes não pareça, mas lá chegaremos...). O tema é bom, mas houve dois problemas principais que me fizeram parar de lê-lo:
1 - A linguagem vulgar.
2 - A falta da "magia da comida".
1 - Sofro de urticária crónica no que concerne a utilização de calão (sobretudo asneiras) nos livros. Chamem-me comichosa, mas não há volta a dar.
No caso concreto deste livro, não sei de onde vem o problema. Se é um problema de tradução; ou se é uma consequência da autora ter escrito o livro a partir do blog* que criou para o seu projecto: fazer todas as receitas do livro 'Mastering the Art of French Cooking', de Julia Child, num ano; ou se é mesmo a forma de escrever (e falar!) de Julie Powell.
No entanto, tropeçar, em todas as páginas, num discurso pejado de palavras pouco literárias (isto não existe, mas foi a melhor forma que encontrei para o exprimir), incomoda-me, e, aparentemente, ao marido dela, também:
"- Porra! São onze da noite e estou-me a cagar para a merda do pão! - disse, enquanto os retirava e dispunha em dois pratos.
- Julie, a sério, tens de falar dessa maneira?" (p. 64)
Três palavras vulgares numa frase de catorze? Faço das dele, as minhas palavras.
Além disso, embora compreenda muito bem a frustração inerente a um falhanço culinário, enquanto lia, sentia que a pobre Julie estava permanentemente de mal com a vida porque não encontrava tutano ou os ovos lhe saíam mal...
Mas afinal, não era suposto que cozinhar lhe trouxesse prazer? Parece-me que a irritação constante manifestada ao longo do livro (pelo menos, das 110 páginas por mim lidas), ainda lhe vai causar uma úlcera. Já dizia o caríssimo Carlos Paião "refilar faz mal à vesícula".
Ou será que foi aquela pressão americana de atingir o sucesso/ser bem-sucedido que lhe minou o prazer do processo de cozinhar? Há uma cena no filme em que Julia Child está a cortar cebolas com uma rapidez (e perseverança) incrível. Ela é competitiva, quer ser a melhor num mundo de homens, quer ser reconhecida e respeitada, não aceita que lhe digam que não pode fazer algo, por ser mulher. Mas aquilo que Julia Child parece ter, que a Julie talvez não tenha, é essa capacidade de lutar por atingir o que deseja sem frustrar pelo caminho, e mantendo a sua elegância (nada de palavrões!).
*Mesmo num blog/facebook/outra coisa qualquer, parece-me uma linguagem demasiado vulgar...
2 - Carece da "magia da comida", que se encontra noutros livros, como "La cucina" e "Como água para chocolate". Nesses livros, imaginamos todo o ambiente à volta da comida, desde ir comprar os ingredientes, à sua preparação, confecção, aos cheiros e vapores na cozinha, e depois à sua degustação. Nesses livros, cozinhar e comer são prazeres. Há uma sensualidade em todo o processo. Neste livro, o que há, geralmente, é muita dificuldade a arranjar ingredientes pouco comuns na cozinha americana, muitos palavrões durante essas demandas, e claro que há o prazer do objectivo cumprido (algo muito americano) e também de saborear o produto final, mas soube-me a pouco. Falta a tal magia que Laura Esquivel e Lily Prior conseguem transmitir e que me fazem querer voar para a cozinha... Eu adoro comer, e também cozinhar, se o livro tivesse um pouco mais "disto", talvez tivesse conseguido ultrapassar a questão da linguagem, e tivesse conseguido lê-lo até ao fim.
Depois há livros assim-assim que são adaptados ao cinema e dão filmes simpáticos, do tipo "pipoca" ou "de domingo". Nestes, muitas vezes são os actores que elevam as narrativas: "Comer, orar, amar" (livro que me aborreceu tanto de início que não o consegui continuar), e este, são disso exemplos.
Embora não tenha terminado 'Julie and Julia', considero-o lido, uma vez que não tenho intenções de voltar a pegar-lhe.
O livro trata da história de uma mulher que encontra um caminho que a torna feliz (embora às vezes não pareça, mas lá chegaremos...). O tema é bom, mas houve dois problemas principais que me fizeram parar de lê-lo:
1 - A linguagem vulgar.
2 - A falta da "magia da comida".
1 - Sofro de urticária crónica no que concerne a utilização de calão (sobretudo asneiras) nos livros. Chamem-me comichosa, mas não há volta a dar.
No caso concreto deste livro, não sei de onde vem o problema. Se é um problema de tradução; ou se é uma consequência da autora ter escrito o livro a partir do blog* que criou para o seu projecto: fazer todas as receitas do livro 'Mastering the Art of French Cooking', de Julia Child, num ano; ou se é mesmo a forma de escrever (e falar!) de Julie Powell.
No entanto, tropeçar, em todas as páginas, num discurso pejado de palavras pouco literárias (isto não existe, mas foi a melhor forma que encontrei para o exprimir), incomoda-me, e, aparentemente, ao marido dela, também:
"- Porra! São onze da noite e estou-me a cagar para a merda do pão! - disse, enquanto os retirava e dispunha em dois pratos.
- Julie, a sério, tens de falar dessa maneira?" (p. 64)
Três palavras vulgares numa frase de catorze? Faço das dele, as minhas palavras.
Além disso, embora compreenda muito bem a frustração inerente a um falhanço culinário, enquanto lia, sentia que a pobre Julie estava permanentemente de mal com a vida porque não encontrava tutano ou os ovos lhe saíam mal...
Mas afinal, não era suposto que cozinhar lhe trouxesse prazer? Parece-me que a irritação constante manifestada ao longo do livro (pelo menos, das 110 páginas por mim lidas), ainda lhe vai causar uma úlcera. Já dizia o caríssimo Carlos Paião "refilar faz mal à vesícula".
Ou será que foi aquela pressão americana de atingir o sucesso/ser bem-sucedido que lhe minou o prazer do processo de cozinhar? Há uma cena no filme em que Julia Child está a cortar cebolas com uma rapidez (e perseverança) incrível. Ela é competitiva, quer ser a melhor num mundo de homens, quer ser reconhecida e respeitada, não aceita que lhe digam que não pode fazer algo, por ser mulher. Mas aquilo que Julia Child parece ter, que a Julie talvez não tenha, é essa capacidade de lutar por atingir o que deseja sem frustrar pelo caminho, e mantendo a sua elegância (nada de palavrões!).
*Mesmo num blog/facebook/outra coisa qualquer, parece-me uma linguagem demasiado vulgar...
2 - Carece da "magia da comida", que se encontra noutros livros, como "La cucina" e "Como água para chocolate". Nesses livros, imaginamos todo o ambiente à volta da comida, desde ir comprar os ingredientes, à sua preparação, confecção, aos cheiros e vapores na cozinha, e depois à sua degustação. Nesses livros, cozinhar e comer são prazeres. Há uma sensualidade em todo o processo. Neste livro, o que há, geralmente, é muita dificuldade a arranjar ingredientes pouco comuns na cozinha americana, muitos palavrões durante essas demandas, e claro que há o prazer do objectivo cumprido (algo muito americano) e também de saborear o produto final, mas soube-me a pouco. Falta a tal magia que Laura Esquivel e Lily Prior conseguem transmitir e que me fazem querer voar para a cozinha... Eu adoro comer, e também cozinhar, se o livro tivesse um pouco mais "disto", talvez tivesse conseguido ultrapassar a questão da linguagem, e tivesse conseguido lê-lo até ao fim.
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Julie and Julia.
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Reading Progress
October 19, 2018
–
Started Reading
October 19, 2018
– Shelved
December 2, 2018
–
27.5%
"Esta leitura está a ser um pouco penosa... Esperava mais comida, sinceramente. Aquele ímpeto de voar para a cozinha inspirada pelas aventuras de Julie. Nada disso, muito palavrão e pouca gastronomia..."
page
110
December 15, 2018
–
Finished Reading
April 7, 2019
– Shelved as:
livros-iniciados-mas-não-terminados
April 21, 2019
– Shelved as:
ano-2018
December 28, 2020
– Shelved as:
clube-de-leitura
August 16, 2022
– Shelved as:
reviews