Columbídeos
Columbídeos | |||||||||||
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Distribuição geográfica | |||||||||||
Distribuição geográfica da família Columbidae.
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Subfamílias | |||||||||||
Columbídeos (Columbidae) é uma família de aves columbiformes que inclui os pombos, pombas, picaús,[1] rolas e rolinhas.[2]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Columbidae originou-se do termo latino para pomba, columbus.[3] "Pomba" origina-se do termo latino palumba.[1] "Rola" tem provável origem onomatopaica.[4]
Características
[editar | editar código-fonte]Espécies
[editar | editar código-fonte]Há cerca de 300 espécies desta família distribuídas em todos os continentes.[5] Os columbídeos são aves de pequeno e médio porte, com pescoço, bico e patas curtas, que se alimentam de sementes e frutos. O casal que se reúne na época de reprodução constrói ninhos não muito sofisticados, onde chocam dois a três ovos brancos. Os columbídeos são em geral espécies cinegéticas, caçadas pela sua carne. Vivem em média até os 15 anos.[5]
Um critério útil na distinção das várias espécies é o padrão de cores da cauda. São aves muito territoriais na época de acasalamento e alimentam-se de sementes de gramíneas e outras plantas herbáceas ao nível do solo. O seu estômago, em geral, contém bastante areia, que auxilia a triturar os alimentos.
Voo
[editar | editar código-fonte]Podem atingir, em voo, velocidades de até 80 km/h, podendo voar em distâncias até 315 km sem se cansarem. Possuem o melhor sentido de orientação de todas as aves e também de todo o reino animal, podendo localizar os seus ninhos e/ou pombais a mais de 1 000 km de distância. Conseguem também detectar sons a distâncias que nenhum outro animal consegue.
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Tal como todas as aves, os pombos nascem de ovos, que são nidificados pelo macho e pela fêmea.[5] Como sinal de acasalamento, os pombos bicam-se mutuamente. A partir daí, são um casal. A parada nupcial consiste em o macho dançar para agradar à fêmea. Quando a fêmea põe os ovos, estes são chocados por ambos para dar origem a novas crias. Estas nascem completamente cegas, mas, rapidamente, evoluem. Ficam com os progenitores até aos 32 dias, altura em que começam a voar e deixam o ninho. Quando isto acontece, o casal volta a chocar mais ovos para dar origem a uma nova ninhada.[6]
Relação com o ser humano
[editar | editar código-fonte]Domesticação e criação
[editar | editar código-fonte]A columbofilia, atividade voltada para a criação de raças ornamentais, obteve dezenas de raças de aparência variada por seleção e cruzamentos, gerando formas como o pombo-papo-de-vento e o pombo-rabo-de-leque. O pombo-correio, usado como mensageiro e capaz de voar mais de 500 km por dia à velocidade média de 50 km/h,[7] é um dos vários descendentes do pombo-doméstico.[5] Animais dessa família estão muito presentes no cotidiano das pessoas, pois se adaptam facilmente à presença das cidades.[5]
Abundantes nas Américas, os pombos serviam de precioso alimento para os nativos do Novo Mundo.[8] Os Yokuts da Califórnia desenvolveram um método engenhoso de caçar pombos. Domesticavam aves e as mantinham alimentadas com bolotas moídas de carvalho em uma gaiola. Um pequeno abrigo, bem disfarçado, era construído próximo à água, onde os pombos selvagens costumavam beber logo que nascia o sol. De uma pequena abertura do abrigo jogavam as bolotas moídas no chão e liberavam seus pombos famintos, com uma linha amarrada a um dos pés. Os pombos selvagens logo avançavam no alimento e eram capturados por um laço instalado na ponta.[9]
Impacto na saúde pública
[editar | editar código-fonte]Vítimas habituais de viroses e outras moléstias, como a ornitose e a doença de Newcastle, os membros dessa família são hospedeiros de parasitas em sua plumagem. Entre eles, se distingue a mosca-do-pombo (Pseudolynchia canariensis) transmissora do hematozoário Hemoproteus columbae.
Sua presença pode ser considerada um problema ambiental, pois compete por alimento com as espécies nativas, danifica monumentos com suas fezes e pode transmitir doenças ao homem. Até recentemente, 57 doenças eram catalogadas como transmitidas pelos pombos, tais como: histoplasmose, salmonella, criptococose.[10] Mas, atualmente, vê-se como exagero esta atribuição de vetor de doenças:[6] como exemplo, o Departamento de Saúde de Nova Iorque não tem nenhum registro de caso de doença transmitida por pombos a seres humanos.[11]
Contudo, é salutar que algumas recomendações sejam seguidas a fim de se evitar a aquisição de zoonoses provenientes de aves, bem como diminuir o risco de contaminação por parte das aves domésticas:[12]
- Na limpeza de forros, calhas ou qualquer outro local que apresente fezes de pássaros, restos de ninhos ou penas, utilizar luvas e uma máscara;
- Jamais remover a sujeira a seco, deve-se sempre adotar um meio de umedecê-la antes, para evitar a inalação de poeira contaminada;
- Proteger os alimentos e rações animais do acesso das aves;
- evitar que pombos da rua tenham contato com animais domésticos, sobretudo outras aves e gatos.
Impacto cultural
[editar | editar código-fonte]Na antiga Mesopotâmia, as pombas eram símbolos animais de destaque de Inanna-Ishtar, a deusa do amor, sexualidade e guerra.[13][14] As pombas são mostradas em objetos de culto associados a Inanna, no início do terceiro milênio a.C..[13] Estatuetas de pomba de chumbo foram descobertas no templo de Ishtar em Aššur, datadas do século XIII a.C.,[13] e um afresco pintado de Mari, na Síria, mostra uma pomba gigante emergindo de uma palmeira no templo de Ishtar,[14] indicando que às vezes se acreditava que a própria deusa assumisse a forma de uma pomba.[14] No épico de Gilgamesh, Utnapishtim libera uma pomba e um corvo para encontrar terra; a pomba apenas circula e retorna.[15] Somente então Utnapishtim envia o corvo, que não retorna, e Utnapishtim conclui que o corvo encontrou terra.[15]
No antigo Levante, as pombas eram usadas como símbolos da deusa mãe cananeia Aserá.[13][14][16] A palavra grega antiga para "pomba" era peristerá,[13][14] que pode ser derivada da frase semítica peraḥ Ištar, que significa "pássaro de Ishtar".[13] Na Antiguidade Clássica, as pombas eram sagradas para a deusa grega Afrodite,[17][18][13][14] que absorveu essa associação com pombas de Inanna-Ishtar.[14] Afrodite frequentemente aparece com pombas na cerâmica grega antiga.[17] O templo de Afrodite Pandêmia, na encosta sudoeste da Acrópole de Atenas, era decorado com esculturas em relevo de pombas com filetes atados em seus bicos[17] e ofertas votivas de pequenas pombas brancas de mármore foram descobertas no templo de Afrodite em Daphni.[17] Durante o festival principal de Afrodite, o Afrodísia, seus altares seriam purificados com o sangue de uma pomba sacrificada.[19] As associações de Afrodite com as pombas influenciaram as deusas romanas Vênus e Fortuna, fazendo com que elas também se associassem às pombas.[16]
Na Bíblia Hebraica, pombas ou pombos jovens são ofertas queimadas aceitáveis para aqueles que não podem pagar um animal mais caro.[20] Em Gênesis, Noé envia uma pomba para fora da arca, mas ela voltou para ele porque as águas do dilúvio não haviam recuado. Sete dias depois, ele enviou o pássaro novamente e ele voltou com um ramo de oliveira na boca, indicando que as águas haviam recuado o suficiente para uma oliveira crescer. "Pomba" também é um termo carinhoso no Cântico dos Cânticos e em outros lugares. Em hebraico, Jonas (יוֹנָה) significa pomba.[21] O "sinal de Jonas" está relacionado ao "sinal da pomba".[22]
Os pais de Jesus sacrificaram pombas em seu nome após a sua circuncisão (Lucas).[22] Mais tarde, o Espírito Santo desceu sobre Jesus em seu batismo como uma pomba (Mateus) e, posteriormente, a "pomba da paz" tornou-se um símbolo cristão comum do Espírito Santo.[22]
No Islã, as pombas e a família dos pombos em geral são respeitadas e favorecidas, porque acredita-se que ajudaram o profeta final do Islã, Maomé, a distrair seus inimigos fora da caverna de Thaw'r, na grande Hégira.[23] Um par de pombos construiu um ninho e pôs ovos de uma só vez e uma aranha teceu teias, que, na escuridão da noite, fizeram os fugitivos acreditarem que Maomé não poderia estar naquela caverna.[23]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 359
- ↑ «ORDER COLUMBIFORMES - FAMILY COLUMBIDAE»
- ↑ [1]
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 518
- ↑ a b c d e «Family Columbidae»
- ↑ a b «American Dove Association»
- ↑ «New to the Hobby». National Pigeon Association. Arquivado do original em 27 de janeiro de 2012
- ↑ CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
- ↑ CAMPBELL, Paul D. (1999). Survival skills of native California. 448p. Layton, Utah, Gibbs Smith Publisher. de uma vara
- ↑ «Controle de pragas»
- ↑ Real facts about pigeons and public health,"The New York City Department of Health has no documented cases of communicable disease transmitted from pigeons to humans." - Dr. Manuel Vargas, New York City Department of Health.
- ↑ «Pombos»
- ↑ a b c d e f g Botterweck, G. Johannes; Ringgren, Helmer (1990). Theological Dictionary of the Old Testament. VI. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Co. pp. 35–36. ISBN 978-0-8028-2330-4
- ↑ a b c d e f g Lewis, Sian; Llewellyn-Jones, Lloyd (2018). The Culture of Animals in Antiquity: A Sourcebook with Commentaries. New York City, New York and London, England: Routledge. p. 335. ISBN 978-1-315-20160-3
- ↑ a b Kovacs, Maureen Gallery (1989). The Epic of Gilgamesh. [S.l.]: Stanford University Press. p. 102. ISBN 978-0-8047-1711-3
- ↑ a b Resig, Dorothy D. The Enduring Symbolism of Doves, From Ancient Icon to Biblical Mainstay" Arquivado em 31 janeiro 2013 no Wayback Machine, BAR Magazine.
- ↑ a b c d Cyrino, Monica S. (2010). Aphrodite. Col: Gods and Heroes of the Ancient World. New York City, New York and London, England: Routledge. pp. 120–123. ISBN 978-0-415-77523-6
- ↑ Tinkle, Theresa (1996). Medieval Venuses and Cupids: Sexuality, Hermeneutics, and English Poetry. Stanford, California: Stanford University Press. p. 81. ISBN 978-0804725156
- ↑ Simon, Erika (1983). Festivals of Attica: An Archaeological Companion. Madison, WI: University of Wisconsin Press. ISBN 978-0-299-09184-2
- ↑ Freedman, David Noel; Myers, Allen C. (2000). Eerdmans Dictionary of the Bible. [S.l.]: Amsterdam University Press. ISBN 978-90-5356-503-2
- ↑ Yonah Jonah Blue Letter Bible. Blueletterbible.org. Retrieved on 5 March 2013.
- ↑ a b c God's Kingdom Ministries serious Bible Study Chapter 12: The Sign of Jonah. Gods-kingdom-ministries.net. Retrieved on 5 March 2013.
- ↑ a b «The Dawn of Prophethood». Al-Islam.org. 18 de outubro de 2012