Madalena Penitente (Ticiano, 1533)
Madalena Penitente Madalena é uma pintura de Maria Madalena por Ticiano, datado de cerca de 1531 e assinado "TITIANUS" no vaso de unguentos, à esquerda. Está atualmente exposta na Sala di Apollo do Palazzo Pitti , em Florença, Itália.
História
O quadro foi encomendado pelo Duque de Mântua, Federico Gonzaga, como imagem devocional para a famosa poeta Vittoria Colonna (1490-1547). No entanto, acredita-se que Vittoria ofereceu a Madalena a Eleonora Gonzaga, pois a pintura foi encontrada, em 1631, na coleção do seu filho, o Duque de Urbino.[1] Vittoria, uma sábia e devota mulher, obteve grande inspiração na imagem de Ticiano, mesmo apesar deste retrato de Madalena ser muito sensual. Madalena surge radiante sobre um plano de fundo escuro, como se a luz que a ilumina fosse interior, levando Vittoriaa acreditar que Madalena "brilhava com a sua paixão ardente por Cristo".[2]
Análise
A representação de Madalena como uma mulher pecadora que reencontrou o caminho da virtude quando encontrou Jesus era muito popular no século XVI, permitindo aos artistas combinarem o erotismo e a religião sem provocarem escândalo. A versão de Ticiano apresenta Madalena durante um momento de grande exaltação e profundo arrependimento, com lágrimas nos olhos (uma referência à unção de Jesus) e o olhar levantado para o céu. A sua nudez, cujo erotismo não passou despercebido a Vasari, refere-se à lenda medieval, de que as roupas de Madalena se desfizeram durante os trinta anos que ela passou no deserto, em arrependimento, após a Ascensão de Jesus. De facto, a maioria das muitas representações deste tema na arte ocidental, retratam Maria Madalena sem roupas, ou apenas com vestidos soltos, tal como na representação posterior de Ticiano, de 1565. De acordo a Lenda Dourada, Madalena passou os seus últimos anos nua e sozinha num eremitério, nas montanhas da Provença, alimentado por anjos que a visitavam diariamente. A ausência de roupas simboliza também o abandono de todos os bens materiais, a favor da fé em Cristo. Os cabelos louros, as carnes e os lábios cheios correspondem com ao ideal de beleza da época da Renascença.
Notas
Fontes
- (Polonês) Wielkie muzea. Palazzo Pitti, a jmj. HPS, Warszawa, 2007, ISBN 978-83-60688-42-7
- (Polonês) J. Szapiro Ermitraż (traduzido Maria Dolińska), Wydawnictwo Progresso, Moskwa, 1976.
- Goffen, Rona. Ticiano Mulheres. Yale, 1997.