Beta Israel

comunidade judaica com origens etíopes
 Nota: "Falashim" redireciona para este artigo. Para a casta dos camponeses do Norte da África e Levante, veja Felachim.

Beta Israel[a] ou judeus etíopes,[b] por vezes referidos, inapropriadamente, como Falashim [6] ou Falashas,[7] são uma comunidade judaica coalescida na área do Axum e do Império Etíope (Habesha ou Abissínia), atualmente dividida entre as regiões de Amara e Tigré.[8]

Beta Israel
ביתא ישראל
ቤተ እስራኤል
Judias etíopes no Muro das Lamentações durante a semana do Pessach, 2003
População total

173 500

Regiões com população significativa
 Israel 160 500 (2021) [1]
 Etiópia 12 000 (2021) [2]
 Estados Unidos 1 000 [3]
 Canadá 1 000 [4]
Línguas
Línguas faladas

amárico, tigrínio, hebraico e historicamente línguas judaicas (dialetos kayla e qwara)

Língua litúrgica
ge'ez
Religiões
Judaísmo (haymanot  · judaísmo rabínico)
Grupos étnicos relacionados
Demais judeus, agaus
Judeus Falashim, 1900

Essa comunidade vivia no norte e noroeste da Etiópia, em mais de 500 aldeias espalhadas por um vasto território, entre as populações predominantemente cristãs e muçulmanas.[9] A maior parte concentrava-se na área em torno do lago Tana e mais ao norte, na região de Tigré, entre os distritos de Wolqayit, Shire, Tselemt e Gondar e entre as províncias de Semien, Dembia, Segelt, Quara, e Belesa.

Beta Israel fez contato com outras comunidades judaicas no final do século XX. Após intensos debates constitucionais e envolvendo o Halachá – a lei judaica –, as autoridades israelenses decidiram, em 14 de março de 1977, que a Lei do retorno se aplicava também a Beta Israel.[10] O governo de Israel e o governo dos Estados Unidos montaram operações aliyah para transportar os judeus etíopes para Israel.[11][12] Essas atividades incluíram, no Sudão, entre 1979 e 1985, a Operação Irmãos, a Operação Moisés e a Operação Josué; em 1991, a partir de Addis Ababa, a Operação Salomão.[13][14]

Os Falash Mura são os descendentes da Beta Israel que se converteram ao cristianismo. Alguns estão retornando às práticas do judaísmo Halcá e vivendo juntos em comunidades. Os líderes espirituais da Beta Israel, incluindo o kes Raphael Hadane, têm defendido a aceitação dos Falash Mura como judeus.[15] O governo israelense decidiu, em resolução de 2003, que os descendentes da linhagem de mães judias têm o direito de emigrar para Israel, com base no direito de retorno, mas só podem se tornar cidadãos se formalmente se converterem ao judaísmo ortodoxo.[16] Tal resolução foi alvo de controvérsias na sociedade israelense.[17][18][19][20]

Em 2009, dos 119 500 judeus etíopes residentes em Israel, muitos já eram nascidos no país. 38 500 ou 32% dos membros da comunidade tinham pelo menos um dos pais nascido na Etiópia.[21]

Notas e referências

Notas

  1. Em hebraico: בֵּיתֶא יִשְׂרָאֵל – Beyte (beyt) Yisrael; em ge'ez: ቤተ እስራኤል – Bēta 'Isrā'ēl, moderno Bēte 'Isrā'ēl, EAe: "Betä Ǝsraʾel"; "Casa de Israel" ou "Comunidade de Israel". O significado da palavra "Beta" no contexto social/religioso é "casa" ou "comunidade".[5]
  2. Em hebraico: יְהוּדֵי ‏אֶ‏תְיוֹ‏פְּ‏יָ‏ה – Yehudey Etyopyah; em ge'ez: "የኢትዮጵያ አይሁድዊ" – ye-Ityoppya Ayhudi.

Referências

  1. Israel Central Bureau of Statistics: The Ethiopian Community in Israel
  2. Eliana Rudee (24 de maio de 2021). «Work goes on: Efforts to bring last of Ethiopian Jews to Israel». .jns.org. Consultado em 23 de dezembro de 2021 
  3. Mozgovaya, Natasha (2 de abril de 2008). «Focus U.S.A.-Israel News – Haaretz Israeli News source». Haaretz.com. Consultado em 25 de dezembro de 2010 
  4. The Canadian Encyclopedia - Jewish music and musicians
  5. James Quirin, The Evolution of the Ethiopian Jews, 2010, p. xxi
  6. Sharon Shalom. From Sinai to Ethiopia, the halakhic and conceptual world of Ethiopian Jewry. Introduction: The Spiritual World of Ethiopian Jewry, Then and Now. Jerusalem: Gefen, 2016. Citação:' "The Habesha people called them falashim, meaning 'exiled', while the members of the tribe preferred to call themselves Beta Israel.
  7. Falashas oxfordreference.com. Citação: The name ‘Falashas’, meaning ‘strangers’, is pejorative and is never used by the Beta Israel (‘House of Israel’) as these Ethiopian Jews call themselves [Tradução: "O nome 'Falashas', significando 'estrangeiros', é pejorativo e nunca é usado pela Beta Israel ('casa de Israel'), que é como esses judeus etíopes se autodesignam"].
  8. Weil, Shalva (1997) "Collective Designations and Collective Identity of Ethiopian Jews", in Shalva Weil (ed.) Ethiopian Jews in the Limelight, Jerusalem: NCJW Research Institute for Innovation in Education,Hebrew University, pp. 35–48. (Hebrew)
  9. Weil, Shalva 2012 "Ethiopian Jews: the Heterogeneity of a Group", in Grisaru, Nimrod and Witztum, Eliezer. Cultural, Social and Clinical Perspectives on Ethiopian Immigrants in Israel, Beersheba: Ben-Gurion University Press, pp. 1–17.
  10. Michael Corinaldi, Ethiopian Jewry: Identity and Tradition, Rubin Mass, 1988, p. 186–188 (Hebrew)
  11. Weil, Shalva 2008 "Zionism among Ethiopian Jews", in Hagar Salamon (ed.) Jewish Communities in the 19th and 20th Centuries: Ethiopia, Jerusalem:Ben-Zvi Institute, pp. 187–200. (Hebrew)
  12. Weil, Shalva 2012 "Longing for Jerusalem Among the Beta Israel of Ethiopia", in Edith Bruder and Tudor Parfitt (eds.) African Zion: Studies in Black Judaism, Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, pp. 204–217.
  13. The Rescue of Ethiopian Jews 1978–1990 (Hebrew); "Ethiopian Immigrants and the Mossad Met" (Hebrew)
  14. Weil, Shalva. (2011) Operation Solomon 20 Years On, International Relations and Security Network (ISN).
  15. Takuyo Hadane, From Gondar To Jerusalem, pp. 91–106 (em hebraico)
  16. "The issue of Falash Mura aliyah – follow-up report", Israeli Association for Ethiopian Jews, (Hebrew)
  17. "Israel is losing its sovereignty", Ha'aretz.
  18. Israel "can't bring all Ethiopian Jews at once" – foreign minister., Asia Africa Intelligence Wire (From BBC Monitoring International Reports).
  19. Israel orchestrates mass exodus of Ethiopians. Knight Ridder/Tribune News Service.
  20. Nigel Vaughan Lowe; Gillian Douglas (1996). Families Across Frontiers. Martinus Nijhoff Publishers. p. 391. ISBN 90-411-0239-6.
  21. «Israel gave birth control to Ethiopian Jews without their consent». The Independent. Janeiro de 2013. Consultado em 24 de julho de 2014 
 
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